Viúva de Bruno Pereira pede retratação de Bolsonaro, Mourão e presidente da Funai

Publicado em

Tempo estimado de leitura: 2 minutos

Beatriz Matos, viúva de Bruno Pereira, assassinado no dia 5 de junho na região do Vale do Javari, pediu que o presidente Jair Bolsonaro (PL), o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) e o presidente da Fundação Nacional do Índio, Marcelo Xavier, se desculpem e revejam suas declarações feitas após o desaparecimento do indigenista e do jornalista Dom Phillips no Amazonas. A antropóloga afirmou que as falas sobre o trabalho de Bruno, Dom e da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) foram “indignas” e “absurdas”.

“O presidente falou coisas que eu me recuso a repetir aqui. E isso não é uma questão menor, é uma questão muito séria, é o presidente da república, e o vice presidente da república”, disse Beatriz Matos. “A família não recebeu uma palavra de condolência.”

As declarações da viúva foram feitas nesta quinta-feira (14), durante audiência pública da Comissão Temporária sobre a Criminalidade na Região Norte, no Senado.

A comissão também ouviu o líder indígena e ex-coordenador da Univaja, Jader Marubo, que relatou o processo de desmonte das estruturas de fiscalização do Estado na Amazônia.

“Em campanha mesmo o presidente Bolsonaro falou que ele iria ceifar [a Funai]. Hoje, entendemos o que é ceifar a Funai. Ele desestruturou a instituição, principalmente naquele local”, disse Marubo. “Se houvesse uma Funai forte, uma Funai atuante, uma Funai que fizesse o trabalho ao qual ela foi criada a fazer, hoje o Bruno estaria vivo.”

Bruno Pereira e Dom Phillips foram assassinados durante uma expedição na região da Terra Indígena Vale do Javari (AM), em 5 de junho. Os dois estavam investigando a invasão de terras indígenas por pescadores ilegais.

Ainda durante a reunião, os senadores aprovaram requerimentos pedindo informações ao Ministério da Justiça e à Polícia Federal sobre as investigações das mortes de Bruno e Dom.

O presidente Bolsonaro havia dito, em junho, que a presença do indigenista e do jornalista no Vale do Javari era uma �??aventura�??

“Pelo que tudo indica, se mataram os dois, espero que não, estão dentro d�??água. E dentro d�??água pouca coisa vai sobrar, peixe come, não sei se tem piranha no Javari”, disse o chefe do Executivo. “A gente lamenta, pede que nada tenha acontecido”, afirmou Bolsonaro no dia 15 de junho. Ele ainda disse que Dom Phillips era �??malvisto�?? na região.

Já o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que Dom �??entrou de gaiato�?? e que assassinato foi um �??dano colateral�?? causado pelo trabalho de Bruno Pereira no Vale do Javari.

O presidente da Funai, Marcelo Xavier, comentou sobre o desaparecimento da dupla afirmando que o indigenista e o jornalista entraram em terra indígena sem autorização da Fundação, e que erraram ao não comunicar a viagem.

Que você achou desse assunto?

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

- Publicidade -

ASSUNTOS RELACIONADOS

Única mulher no STF, Cármen diz que chegada de Dino ‘honra’ Judiciário

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia se manifestou após a indicação de Flávio Dino, atual ministro da Justiça e Segurança Pública, a uma das cadeiras da Suprema Corte. "Chegada de Dino "honra o Poder Judiciário e o Brasil", diz nota assinada pela ministra. "É um homem com

‘Ministro do Supremo não tem lado político’, diz Dino em ida ao Senado

SÃO PAULO, SP (UOL-FOLHAPRESS) - Indicado para uma cadeira no STF, Flávio Dino disse nesta quarta-feira (29) em ida ao Senado que ministros da Corte não têm "partido, ideologia ou lado político". Dino disse que faz parte do mundo político, mas que o deixará caso seja aprovado. "Quem pretende ir ao Supremo, ao vestir a

Janones é alvo da oposição após suspeita de ‘rachadinha’, e PGR analisa acusações

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A PGR (Procuradoria-Geral da República) analisa representações contra o deputado André Janones (Avante-MG), acusado por assessores de operar um esquema de "rachadinha" em seu gabinete a partir de 2019, quando tomou posse no primeiro mandato na Câmara. Um áudio atribuído ao parlamentar mostra ele cobrando parte dos salários de assessores. O