Imagine-se nesta situação: você junta dinheiro por quatro anos e paga caro por passagens aéreas e hospedagem para toda a família poder realizar o sonho de acompanhar o Brasil na Copa do Mundo no Catar. Mas, quando vocês estão no meio do caminho até o país-sede do Mundial, a Seleção Brasileira é eliminada. O ‘pesadelo’ foi real para Fábio Lara, 42, Meire Antunes, 50, e o filho do casal, Gustavo Lara, 14. No dia seguinte à derrota nos pênaltis para a Croácia, os três chegaram a Doha. E agora?
“Estamos digerindo a situação. Assistimos ao jogo com a Croácia num bar em Abu Dhabi (nos Emirados Árabes Unidos). Foi um pouco decepcionante, mas estamos aqui e vamos continuar”, lamentou Meire. A família saiu de São José do Rio Preto, em São Paulo, para acompanhar o Brasil nas partidas decisivas do mata-mata da Copa do Mundo.
Ainda com o gosto amargo da eliminação brasileira, o trio foi ao Estádio Al Thumama, ao Sul do Centro de Doha, e assistiu à histórica classificação de Marrocos sobre Portugal, pelas quartas de final. Como já estão no Catar, decidiram manter a programação inicial da viagem, que vai até 19 de dezembro, dia seguinte à final em Lusail.
Agora, além dos marroquinos, restam apenas argentinos, croatas e franceses na disputa.
“O plano inicial foi mantido. Vamos curtir o campeonato, os jogos, a festa até o final. Vamos turistar, conhecer Doha, a redondeza, o Catar. E vamos tentar ir a algum jogo de semifinal para fazer o pacote completo”, contou Fábio, maior entusiasta de Copas da família, com quatro edições no currículo.
“Espero que a gente consiga aproveitar a Copa sem sentir tanto o peso de o Brasil ter sido eliminado tão cedo”, disse Gustavo.
Volta mais cedo pra casa
Muita gente, porém, seguiu caminho diferente da família e resolveu antecipar as passagens de volta para o Brasil. Na maioria dos casos, fica mais barato pagar pela remarcação do voo do que continuar no Catar mais alguns dias.
Afinal, o Mundial no país árabe é o mais caro de todos os tempos – tanto em investimentos da organização em infraestrutura, quanto para os torcedores.
A conta básica para um fã que saiu do Brasil e para acompanhar jogos ao longo de dez dias em Doha foi de gastar pelo menos R$ 30 mil com passagem, hospedagem, alimentação e ingressos.
Dezenas de brasileiros que participam de torcidas organizadas da Seleção já voltaram para casa. Pelas ruas de Doha, a quantidade de camisas do Brasil diminuiu consideravelmente.
Nos dois jogos que ocorreram no dia seguinte à eliminação, os trajes amarelos foram raridade. Boa parte dos brasileiros que ali estiveram preferiu uniformes dos clubes de coração.
Mineiro de Antunes, o engenheiro Leandro Cesar Silva, 33, chegou a Doha um dia antes de Brasil x Croácia. Acompanhou a partida no Estádio Cidade da Educação na sexta e, com a eliminação, decidiu abreviar a estadia no Catar. Segue viagem nesta segunda, depois de aproveitar o fim de semana.
“Vim para Doha para as quartas. O plano era acompanhar o Brasil até uma possível final, mas com esta derrota decidi apenas assistir ao jogo entre França e Inglaterra e aproveitar mais dois dias no país para conhecer os principais pontos turísticos e a cultura local, afinal não é um destino para onde se vai todo dia”, disse.
O Oriente Médio, de fato, não é dos lugares mais procurados por brasileiros. Por isso, alguns torcedores têm aproveitado os dias sem jogos e a eliminação do Brasil para conhecer não apenas o Catar, como outros países nas redondezas. São os casos da Arábia Saudita, dos Emirados Árabes Unidos, de Omã, do Bahrein e do Kuwait, principalmente.
O engenheiro Efrém Castro Bittencourt, 42, manteve a data da passagem, mas mudou a rota. “Vou fazer um segundo plano e aproveitar para turistar na Arábia Saudita. Vou pegar um ônibus e cruzar a fronteira. Eu e uns amigos vamos para Dammam (cidade saudita) e possivelmente para o Bahrein”, conta o paulista de Campinas.
Quem fica no Catar
Por já terem pago, alguns brasileiros optaram por manter a programação original, mesmo com a eliminação. Ynara Corrêa da Costa, 51, quer se dividir entre a Copa e o turismo.
“Cheguei dia 18 de novembro, dois dias antes da abertura, e pretendo ficar até a final. Vou assistir às duas semis e à decisão. Vou turistar no tempo que sobrar. Já fiz algumas coisas, mas tem outras para fazer também”, conta a analista de sistemas sul-mato-grossense, que mora em Cotia, interior de São Paulo.
O turismo é mesmo uma das melhores opções para quem fica. O passeio mais procurado é um local a cerca de 50 minutos da capital. Lá, visitantes de todo o mundo podem andar a camelo, fazer um tour radical de 4×4 nas dunas, aproveitar um lindo pôr do sol e molhar os pés no Sealine, deslumbrante e raríssimo cenário onde o deserto encontra o mar. Do outro lado do golfo, está a Arábia Saudita, único país que faz fronteira com o Catar.
O sol intenso é companheiro de viagem também daqueles que escolhem como destino Al Shahaniya, a meia hora de carro do Centro de Doha. É lá onde fica a principal pista de corrida de camelos do país. A temporada de competições já acabou, mas muitos visitantes vão ao local para assistir aos treinos.
“Cheguei dia 1º e vou embora só dia 19. Tinha programado ir a todos os jogos que teoricamente o Brasil poderia jogar. Vou ficar, ver a final. Aqui é muito legal, uma cidade interessante. Tem os passeios de aventura, andar de 4×4 no deserto, ir à praia, são muito legais”, relata o fotógrafo Flávio Graná, 40, de Bragança Paulista.
As atrações urbanas de Doha também o agradam. “O Museu Nacional do Catar é interessantíssimo. Toda vez que tenho tempo, venho ao Souq Waqif (mercado tradicional da cidade) comprar presentinho”, prosseguiu. “É uma cidade bem turística, com uma noite bem movimentada”, disse o estudante Jeremias Chimento, 20, que já não ficaria em Doha até o fim da Copa e rumou a Marrocos para uns dias de turismo.
Ele aumenta a torcida marroquina e puxa a fila dos brasileiros que decidiram apoiar outra seleção após a eliminação contra a Croácia. “Fiz todo o cronograma acompanhando a Seleção. Tenho ingresso da semi, da final. Vou continuar e assistir as outras seleções. Vou escolher uma seleção para torcer, já está tudo comprado, estamos aqui mesmo…”, contentou-se o empresário Renato Massarão, 37, de Santo André. Aos que ficam, resta se juntar à festa dos outros.
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