No Dia Mundial da Saúde (comemorado em 7 de abril), a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) traz à tona uma reflexão sobre custos e acesso à saúde como um direito de todos os brasileiros. Segundo estudo recente publicado na revista científica Nature, os gastos mundiais com câncer devem chegar a US$ 25 tri nos próximos 30 anos, sendo que a desigualdade socioeconômica está diretamente associada a quem terá ou não acesso à parte desse montante.
Os altos custos dos tratamentos oncológicos são um desafio global e têm sido amplamente debatidos por governos, médicos e associações de pacientes. Diversas iniciativas têm sido propostas e implementadas com o objetivo de tornar os tratamentos mais acessíveis e reduzir os custos para pacientes e sistemas de saúde.
Uma das soluções é o estabelecimento de políticas públicas que regulamentem os preços dos medicamentos. Em alguns países da Europa, os governos têm negociado preços mais baixos com as farmacêuticas. Nos EUA, têm sido propostas políticas para reduzir preços de medicamentos, como importação de outros países onde os preços são mais baixos e a redução do tempo de exclusividade das patentes.
Outra solução é o incentivo ao desenvolvimento e uso de terapias mais eficazes e menos invasivas. As imunológicas têm se mostrado promissoras no tratamento oncológico e podem reduzir custos e efeitos colaterais associados a tratamentos, como a quimioterapia.
Há também esforços para melhorar a eficiência do sistema de saúde e garantir que os tratamentos sejam prescritos apenas quando necessário e indicados. Isso pode incluir a adoção de protocolos baseados em evidências, a utilização de tecnologia para monitorar a eficácia do tratamento e a implementação de programas de prevenção e rastreamento que possam detectar o câncer em estágios precoces, quando é mais tratável e menos dispendioso. Isso pode ajudar a reduzir as desigualdades em saúde e a melhorar a vida dessas populações, levando a uma alocação mais eficiente de recursos.
A SBOC tem se empenhado em lutar por melhores condições no Brasil. Entre as iniciativas estão o incentivo à ciência e à pesquisa, a defesa do SUS como uma ferramenta essencial para garantir o acesso universal ao tratamento oncológico, além de campanhas para conscientização da população sobre a importância da prevenção.
É importante relembrar que o empenho de todos é fundamental para que tenhamos uma saúde mais justa e acessível, e que os pacientes brasileiros precisam de tratamentos eficazes e de qualidade, sem exceção.
Carlos Gil Ferreira é oncologista clínico e presidente da SBOC; Fábio Franke é oncologista clínico e diretor da SBOC
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