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Apenas 30% dos soteropolitanos aptos tomaram a vacina bivalente

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marina silva

Em Salvador, a adesão à vacina bivalente caminha a passos lentos. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a quantidade de pessoas aptas a tomar a dose de reforço contra a covid-19 e a variante ômicron na capital baiana é de quase um milhão, mas apenas 307.500 vacinas foram aplicadas até o momento. Esse número equivale a pouco mais de 30% dos soteropolitanos habilitados. 

Desde o dia 25 de abril, a prefeitura ampliou a campanha vacinal da bivalente, que inicialmente teve como público-alvo pessoas imunossuprimidas, para abranger também a população com mais de 18 anos. Ainda assim, a procura continua baixa na cidade. 

Coordenadora de imunização da SMS, Doiane Lemos, afirma ser essencial que a população se mantenha engajada em se imunizar. “A população precisa buscar a vacina, porque todos os esforços estão sendo empregados. Nós disponibilizamos pontos externos, pontos fixos, fazemos vacinação aos sábados. Fizemos semana passada um horário estendido de vacinação, mas precisa-se desse fator principal, que é a população entender a importância da vacinação, de manter a doença sob controle, da gente poder andar livremente sem lockdown e sem utilizar máscara”, afirma. 

A titular da Secretaria Estadual da Saúde (Sesab), Roberta Santana, afirmou que a Bahia atingiu 25% na meta de imunização com a vacina bivalente, e fez um apelo para que as pessoas procurem os postos de saúde. 

“A gente precisa vencer esse movimento antivacina. Sabemos a importância e a relevância da imunização, temos a prova disso com a pandemia, de que a vacina fez resultados e, por isso, a gente pode estar aqui hoje. Conseguimos atingir 980 mil pessoas vacinadas com a bivalente, fruto de uma campanha intensa nos últimos tempos, mas que não pode parar. A expectativa é imunizar 4 milhões de pessoas [em todo o estado], então, estamos muito aquém”, disse Santana.  

Para Astrid Xiomara Melendez, infectologista e professora do curso de Medicina da Universidade Salvador (Unifacs), existem diversos motivos para essa falta de adesão. Segundo a infectologista, alguns deles podem ser falta de conhecimento, mitos sobre os efeitos colaterais, apatia ou barreiras de acesso.

Elis Freire, 20, estudante de comunicação social, faz parte do grupo que ainda não se imunizou com o reforço por dificuldades na rotina. “Não tive tempo de ir a um dos locais disponíveis, pois a maioria fica até às 16h e eu estudo pela manhã e trabalho pela tarde. Além disso, com o fim da pandemia decretado pela OMS fiquei mais tranquila em relação à covid e não priorizei ir ao posto. Mas pretendo, até o final do mês”, diz. De acordo com ela, das pessoas com quem convive, apenas sua avó tomou a dose bivalente.

Já Milla Kauane, 35, deu à luz há três meses, e diz se sentir desconfortável com a incerteza das reações causadas pela vacina. “Não tomei a vacina bivalente porque ainda não completei o esquema de vacinação da covid-19, por não estar segura e ainda com medo das reações adversas de tomar doses de vacina em intervalos curtos. Se é uma imunização que pouco se sabe e menos ainda sobre seus efeitos colaterais futuros, não me sinto tão confortável”, afirma.

Entretanto, apesar do receio que muitos ainda têm de possíveis efeitos colaterais da vacina, as pesquisas feitas pela comunidade científica são constantes e comprovadas. “Fake news muitas vezes propagam informações errôneas sobre efeitos colaterais graves e irreversíveis das vacinas, mesmo quando as evidências científicas mostram que os riscos são mínimos e superados pelos benefícios da imunização. No entanto, se um grande número de pessoas optar por não se vacinar, isso cria um ambiente propício para a propagação do vírus”, afirma a infectologista Astrid.

Lucas Lima, bibliotecário de 28 anos, está entre a porcentagem que já se vacinou. Ele, que garantiu a imunização há aproximadamente um mês, defende que a vacinação não é algo que escolheu apenas para seu próprio bem-estar. “Eu trabalho com o público, então é importante pensar nas pessoas que atendo também. Antes da pandemia, não ligava muito para essa questão de vacinação, mas depois de ter covid antes [de tomar] a primeira dose e depois da terceira, percebi o quanto elas influenciam para diminuir a potência das doenças. A gente não vai erradicar essas doenças virais, é impossível com tantas mutações, mas podemos fazer nossa parte para não dar tanto poder a elas”, diz.

Risco de perda de vacinas

A bivalente é produzida pela Pfizer, que tem os imunizantes com validades mais curtas, segundo Doiane Lemos, coordenadora de imunização da SMS. Entretanto, ela afirma que a expiração de uma vacina tem início apenas após o descongelamento, o que faz com que perder doses não seja uma preocupação tão expressiva atualmente. 

“A gente já trabalha com as vacinas de covid desde 2021, quando iniciou a campanha. Então já temos uma uma organização e manejo dessas vacinas. Não descongelamos um quantitativo grande sem que a gente tenha esse planejamento de uso. Por isso a gente vem pedindo, recebendo e distribuindo essa vacina aos poucos, justamente para dar tempo de consumir e de não perder, porque o nosso interesse é vacinar a população”, diz.

Ainda assim, há a possibilidade de que doses se percam caso a procura seja ainda menor que o número descongelado. “Se a procura pela vacina bivalente for baixa e não houver um uso adequado das doses disponíveis, existe o risco de que algumas vacinas atinjam sua data de validade antes de serem utilizadas. Isso poderia resultar em perda de vacinas e desperdício de recursos. Portanto, é importante incentivar a adesão à vacinação para evitar desperdício e garantir que a proteção seja alcançada na população”, afirma a infectologista Astrid.

Ministra da Saúde comenta baixa adesão

Nesta sexta-feira (19), a ministra da Saúde, Nísia Trindade, esteve em Salvador para anunciar investimentos de R$ 300 milhões na pasta, e comentou sobre a baixa adesão da vacinação bivalente em todo o país. 

“A vacinação bivalente tem sido garantida com aporte de vacinas do Ministério da Saúde para estados e municípios, mas ela está aquém do que precisamos. Temos que intensificar muito essa campanha. A Organização Mundial da Saúde já definiu o fim da emergência sanitária, mas não o fim da pandemia ou que estejamos livres da covid-19. Já sabemos comprovadamente, o Brasil é um exemplo disso, que com a vacinação nós temos uma redução grande de casos graves e de óbitos. A vacinação salva vidas”, disse a ministra. As bivalentes foram aprovadas pela Anvisa em novembro de 2022. Mas a aplicação só teve início no final de fevereiro deste ano.

*Orientada pela chefe de reportagem Perla Ribeiro

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