Confusão e falta de consenso cancelam CPMI nesta terça

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A falta de consenso sobre a pauta desta terça-feira (22/8) na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura os atos golpistas do dia 8 de janeiro foi motivo para confusão entre os membros do colegiado e terminou cancelando a sessão de hoje, prevista para começar às 14h após dois adiamentos. A pauta, regimentalmente, deve ser publicada com 48 horas de antecedência à sessão.

 

Uma reunião, que ocorria na liderança do PDT entre parlamentares governistas e de oposição, a relatora, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), e o presidente, o deputado Arthur Maia (União-BA), terminou com gritos e desentendimento.

 

Mais cedo, parlamentares da base estiveram no gabinete de Eliziane, com a participação por telefone de Arthur Maia. Contrariados, a oposição se encontrou há pouco e, como o Correio apurou, era possível ouvir gritos vindos do local.

 

A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) admitiu que não foi possível entrar em acordo sobre a pauta desta terça e que a reunião deliberativa ficou para a quinta-feira (24), antes do depoimento de Luís Marcos dos Reis. “Nós consideramos isso prejudicial para a oitiva, é cansativo, quinta-feira muitos parlamentares já têm passagem comprada, porque tem trabalho em suas bases”.

 

“E, geralmente, o que a gente está vendo, é que sempre, mesmo construindo um acordo para esta deliberativa, sempre tem aquela gritaria, aqueles pedidos pela ordem que não são pela ordem (…) considero que perdemos um dia, porque não houve consenso”, avaliou a senadora.

 

Alguns dos requerimentos protocolados por Eliziane envolvem convocação e quebra de sigilos do advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Frederick Wassef, e da deputada Carla Zambelli (PL-SP).

 

Aliados bolsonaristas estariam defendendo a convocação de Zambelli, já a base quer a quebra de sigilos da deputada e este teria sido o estopim da confusão. Zambelli foi citada durante o depoimento do hacker Walter Delgatti Neto como responsável por mediar o encontro dele com o ex-chefe do Executivo, em um plano para fraudar urnas eletrônicas.

Outro ponto sensível e de discordância é o pedido de quebra de sigilos de Bolsonaro e da ex-primeira-dama, Michelle.

 

“Eles (parlamentares) não concordaram com absolutamente nada. (…) Quando eles não conseguem aceitar absolutamente nada nem ninguém, blindam tudo e inventaram também enredos que não tinham nada a ver com o caso, e nós entendemos que sim, mas para termos certeza também precisamos investigar, ter acesso, enfim, fica difícil prosseguir”, afirmou Thronicke. “Estamos vivendo um momento onde alguns estão ou nervosos ou com medo ou alguma coisa desse tipo porque se exaltaram de forma que nós não imaginávamos, houve desrespeito hoje nessa reunião e tivemos que encerrar”.

 

Soraya Thronicke analisou que muitas provas “robustas” estão “eclodindo”, inclusive documentos, “e é por isso que acredito que eles estejam perdendo totalmente a compostura”. A senadora acusou parlamentares, sem destacar ninguém, de misoginia.

 

Assim, o depoimento de Luís Marcos dos Reis, sargento do Exército e assistente de Bolsonaro, suspeito de movimentar R$ 3,3 milhões e repassar parte para o tenente-coronel Mauro Cid, segue previsto para a próxima quinta-feira (24).

 

Na próxima semana, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Gonçalves Dias, será ouvido na quinta-feira (31). Governistas defendem que na terça também seja ouvido o ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Fábio Augusto. Estas oitivas já estavam aprovadas.

 

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