Brasil luta contra o tempo para fechar acordo com União Europeia nesta quinta durante reunião do Mercosul

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Os líderes do Mercosul se reúnem na próxima quinta-feira, 7, no Rio de Janeiro, em meio a forte resistência para selar o acordo comercial com a União Europeia. O Brasil, que atualmente preside o bloco sul-americano formado por Argentina, Paraguai e Uruguai, esperava fechar ainda na cúpula do Rio este pacto entre os grupos, negociado há mais de duas décadas e que criaria a maior zona de livre-comércio do planeta. Contudo, o objetivo inicial, que também o mesmo de parte dos países da Comissão Europeia, parece longe de ser finalizado, já que a França não acordo. Em comunicado no final de semana durante a COP28, realizada em Dubai, nos Emirados Árabes, o presidente Emmanuel Macron, deixou claro que não apoia a união Mercosul-UE e que o acordo não será bom para nenhuma das partes.

O francês mostrou o seu desacordo com o texto, dizendo que ele está “mal remendado”, “desmantela tarifas” como se fazia antes e não “leva em conta a biodiversidade e o clima”. A Argentina, por sua vez, que passa a ter um novo governante do diz 10 de dezembro, dia da posse de Javier Milei, afirmou que “não há condições” para a conclusão do tratado. Alberto Fernández, que participará de sua última cúpula do Mercosul, considerou que não há “condições” para aprovar o texto na sua versão atual e apontou “a resistência” da Europa ao tratado, especialmente da França. Uma nova rodada de negociações planejada no Rio, às vésperas da cúpula, passou para o formato virtual, disse uma fonte do Itamaraty, acrescentando que “devido à transição em curso na Argentina, a tendência” é deixar as decisões pendentes para o próximo governo do ultraliberal Javier Milei, que assume o poder em 10 de dezembro, argumentou uma fonte do Itamaraty. Em uma visita recente a Brasília, a futura chanceler argentina, Diana Mondino, destacou a “importância de assinar o acordo com a UE o mais rápido possível”.

Este atrito nas negociações entre Mercosul e União Europeia vem em um momento em que ambas as partes intensificaram as negociações nas últimas semanas, com “progressos significativos”, concordaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, quando se reuniram na última sexta-feira à margem da COP28, em Dubai. Mas nos últimos dias as negociações não pareciam progredir: a França mostrou o seu desacordo com o texto e a Argentina afirmou que “não há condições” para a conclusão do tratado. Contudo, apesar dessas desavenças, o presidente brasileiro garante que não vai desistir de seus esforços para fechar o tratado no Rio. Na segunda-feira, 4, durante encontro, em Berlim, na Alemanha, com o chanceles alemão, Olaf Scholz, Lula disse que não desistirá “enquanto não conversar com todos os presidentes e ouvir o ‘não’ de todos”.

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O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (E) e o chanceler alemão Olaf Scholz (R) durante coletiva de imprensa na 2ª consulta governamental germano-brasileira na Chancelaria em Berlim, Alemanha │EFE/EPA/CLEMENS BILAN

“A França sempre foi o país mais duro para fazer acordo, porque a França é mais protecionista. Não é a mesma posição da União Europeia, que pensa outra coisa”, disse Lula no fim de semana. Alemão também se manifestou pró-acordo e instou todas as partes envolvidas a encontrar uma maneira de fechar o acordo comercial há muito tempo negociado entre os blocos. Peço a todos os envolvidos que sejam tão pragmáticos e dispostos quanto possível a chegar a um compromisso para que possamos terminar isto”, declarou Scholz. A UE e o Mercosul estabeleceram as linhas gerais de um pacto de livre-comércio em 2019, após anos de negociações para alinhar interesses e convencer setores relutantes, como os agricultores franceses. Mas as divergências ressurgiram e os europeus acrescentaram uma seção de exigências ambientais ao bloco sul-americano, especialmente para o Brasil, que abriga a maior parte da Amazônia, fundamental para o combate à mudança climática.

O Mercosul, que em conjunto representa a quinta maior economia do mundo, rejeitou o “protecionismo verde” da Europa e respondeu com suas próprias exigências, como a criação de um fundo ambiental para apoiar os países em desenvolvimento. Se um acordo não for alcançado este ano, as comportas para sua conclusão poderão se fechar em janeiro, quando o Paraguai assumir o mandato do bloco sul-americano. Seu presidente, Santiago Peña, disse que após o prazo se concentrará em outras regiões. Durante a cúpula, precedida na quarta-feira por reuniões de ministros das Relações Exteriores e das Finanças, deve ser assinado um acordo comercial com Singapura, o primeiro do Mercosul em 12 anos, e o primeiro com um país asiático.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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