Réu por espancar mulher trans surda é condenado a seis meses de prisão

Publicado:

Acusado de espancar a transexual e deficiente auditiva Juliana Paula (foto em destaque), Geovane Oliveira da Silva foi condenado a seis meses de prisão em regime aberto, nessa terça-feira (16/4). A decisão partiu do Tribunal do Júri de Sobradinho.

Os jurados reconheceram o ocorrido e a autoria do crime atribuída ao réu. No entanto, decidiram que não houve tentativa de homicídio, mas crime de lesão corporal. O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) avalia se vai recorrer da decisão.

O caso ocorreu em janeiro de 2022, em Sobradinho. Geovane dirigia pela Quadra 1, quando viu Juliana, parou o veículo e a convidou para entrar no carro dele. Ela entrou, os dois tiveram relações sexuais nas imediações da Quadra 2, mas, pouco depois, o agressor teria sentido falta de bens pessoais e suspeitado que a vítima o tivesse furtado.

Juliana negou e ainda permitiu que Geovane a revistasse. Ele não encontrou nada com a vítima, mas se exaltou e a fez temer pela própria integridade física, segundo a denúncia.

A passageira desceu do carro e fugiu, mas foi perseguida pelo motorista, que a derrubou no chão e a agrediu com diversos chutes e pisões na cabeça e no rosto.

A vítima bateu contra o portão de uma casa na região para pedir socorro, mas perdeu a consciência devido às agressões sofridas. A violência só parou quando o morador do imóvel apareceu e confrontou Geovane.

“O resultado [em] morte não se consumou em razão da intervenção do morador da casa, que fez os chutes e pisões contra o crânio da vítima cessarem, bem assim em razão do socorro médico recebido pela vítima, que ficou internada no hospital”, detalha o processo.

Geovane aguardou pelo julgamento em liberdade, com medidas cautelares impostas pela Justiça. No entanto, para a ativista de direitos humanos Paula Benett, que acompanhou o julgamento e contestou a decisão do júri, a expectativa era de que o réu fosse julgado por tentativa de homicídio.

“Juliana levou vários chutes na cabeça enquanto estava no chão. Se isso não for uma tentativa de homicídio, o que é? Se aquele rapaz [morador da casa] não tivesse aparecido, ela não estaria aqui hoje para contar essa história. Além disso, Juliana Paula, por ser deficiente auditiva e não ter aprendido libras, nem teve o direito de gritar por socorro. Ela é uma pessoa extremamente vulnerável”, argumentou Paula Benett.

 

 

Comentários Facebook

Compartilhe esse artigo:

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Polícia Militar desarticula ponto de desmanche de veículos no Lobato

Na noite de quinta-feira (7), a Polícia Militar do Batalhão Apolo desmantelou um ponto clandestino de desmanche de veículos na Avenida Afrânio Peixoto,...

Presa pela PF, filha de traficante trabalha em gabinete de prefeito

No cenário tenso do combate ao tráfico de drogas, a história de Thayná Cordeiro Silva, filha de um dos maiores traficantes do Entorno...

Com apenas 36% das crianças alfabetizadas, Bahia lança programa com apoio do MP-BA para mudar cenário educacional

Na Bahia, um cenário alarmante marca a educação: apenas 36% das crianças do 2º ano do ensino fundamental conseguem ler e escrever textos...