Sem consenso entre líderes, Motta adia votação da PEC da Blindagem que impediria STF de prender parlamentares

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A Câmara dos Deputados encerra a semana sem avanços na votação da proposta de emenda constitucional que pretende alterar significativamente as regras sobre investigação, prisão e julgamento de parlamentares. Conhecida como PEC das Prerrogativas, a proposta também é chamada de PEC da Blindagem nos bastidores.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), havia agendado a votação da proposta 3/2021 para a sessão de quarta-feira (27). Na semana anterior, ele havia nomeado o deputado Lafayette de Andrada como relator da matéria.

No evento matutino de quarta, Motta defendeu a PEC, destacando que ela visa garantir a independência dos parlamentares. “Isso é um direito do Poder Legislativo”, afirmou, explicando que a proposta busca uma revisão constitucional para melhor dimensionar a atividade parlamentar.

Segundo Motta, algumas decisões judiciais têm ultrapassado os limites dos direitos dos parlamentares, o que tem gerado insatisfação na Câmara.

Apesar de ter incluído a PEC na pauta, a falta de acordo entre os líderes resultou no adiamento da votação. Após três horas de reuniões em sua residência oficial, Motta decidiu não levar a proposta à votação na noite anterior.

Embora alguns líderes tenham sugerido a votação para esta madrugada, o relator não conseguiu apresentar um texto que atendesse a todos. Até mesmo a documentação sobre qual versão seria votada gerou incertezas.

Conforme informações do site G1, a base do governo Lula e o centrão discutiam diferentes versões do texto, somando pelo menos quatro opções sobre a mesa. No entanto, a ausência de consenso foi evidente.

Ainda segundo o G1, a decisão de Motta de recuar também está ligada à atuação de ministros do STF, que foram informados sobre a proposta e, pelo menos dois, se manifestaram contra, alegando inconstitucionalidade.

A PEC, que será discutida na próxima semana, propõe alterações no artigo que trata da imunidade parlamentar, restrigindo a prisão em flagrante de deputados e senadores apenas a crimes inafiançáveis, como racismo e crimes hediondos, conforme previsão da Constituição.

Para parlamentares da oposição, a aprovação da PEC é um passo em direção ao equilíbrio entre os Poderes, buscando evitar o que chamam de “abusos de autoridade” direcionados aos parlamentares. Eles acreditam que a mudança pode prevenir práticas ilegais, como buscas e apreensões indevidas.

Em contrapartida, deputados governistas e da esquerda afirmam que a proposta conferiria ao Congresso um status de superiores à lei. Alguns deles argumentam que a discussão de prerrogativas não deve se confundir com a proteção de mandatos.

Deputados como Glauber Braga (Psol-RJ) consideram que a PEC tem ganhado força devido a investigações recentes sobre emendas orçamentárias, sugerindo que aqueles que temem ser investigados estão impulsionando a proposta de blindagem.

O cenário em Brasília é complexo, e a discussão sobre a PEC da Blindagem promete agitar ainda mais as próximas sessões. O que você pensa sobre essa proposta? Deixe seu comentário e vamos conversar.

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