A precariedade do transporte público na região do Entorno do Distrito Federal tem levado muitos moradores a buscar alternativas para se deslocar até a capital. Um levantamento recente da Associação Nacional das Empresas de Transporte Rodoviário de Passageiros (Anatrip) revela que o número de passageiros que utilizam a linha Planaltina (GO)-Brasília reduziu de 22.000, em 2018, para apenas 12.570 neste ano. Essa queda representa quase 50% na demanda.
Cerca de 4 mil moradores de Planaltina de Goiás têm trocado os ônibus por vans e carros particulares. Esses novos meios de transporte estão sendo organizados através de grupos nas redes sociais, onde as pessoas trocam mensagens oferecendo ou procurando caronas. Para entender melhor essa dinâmica, o Metrópoles entrou em um desses grupos.

A reportagem conversou com integrantes desses grupos, que usaram nomes fictícios para se identificar. Ana, uma moradora de Cidade Ocidental (GO), compartilhou que começou a usar caronas há quatro meses. Um dos principais motivos para essa troca foi a superlotação dos ônibus, que a fez passar mal várias vezes. “Depois de um dia exausto, é impossível ficar em pé por duas horas dentro de um ônibus lotado”, desabafou Ana. Para ela, a solução passaria por um aumento na frota e uma redução nas tarifas.
Carla, de 28 anos e moradora de Luziânia (GO), também se juntou a esses grupos. Ela começou a pegar caronas há três anos e destaca a vantagem em chegar em casa mais cedo e com mais conforto, apesar de o custo ser semelhante ao do ônibus. “Alguns ônibus são mal estruturados, com bancos apertados e pouco espaço para as pernas”, afirmou.
Em Valparaíso de Goiás, a situação é similar. Milena, uma moradora de 28 anos, reclama das condições precárias dos veículos, mencionando que já presenciou um cadeirante sendo impedido de entrar em um ônibus devido a uma plataforma quebrada. Ela também criticou a falta de opções de horários, o que a levou a buscar grupos de caronas.

Transporte público na berlinda
O Metrópoles conversou com Gabriel Oliveira, secretário-executivo da Anatrip, que explicou que a situação do transporte público no Entorno é complexa. Ele destacou que a falta de subsídios governamentais é um dos grandes desafios. “Os usuários precisam arcar com o valor integral da passagem, ao contrário do que ocorre no DF”, esclareceu.
Gabriel ainda comentou que a alta dos custos, como combustível e manutenção, tem pressionado as empresas de transporte, dificultando investimentos em melhorias. Ele observou que a atração dos transportes clandestinos se intensifica à medida que o número de passageiros cai, o que prejudica ainda mais o sistema oficial.
Para ele, a criação de um consórcio interfederativo pode oferecer uma solução para esses desafios. A ideia é reverter a evasão de passageiros em direção ao transporte clandestino e garantir a segurança dos usuários. Com o início desse consórcio, a expectativa é que aumentos anuais de tarifas cessem, e no futuro, haja uma redução entre 10% e 15% em cinco anos, dependendo de estudos feitos pelos governos do DF e Goiás.
Como você vê essa situação do transporte público no Entorno? Compartilhe suas impressões e experiências nos comentários.

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