Em sacos, malas e cuecas (por Mary Zaidan) 

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A corrupção não é novidade no Brasil e, apesar de avanços após grandes operações, continua presente e, muitas vezes, sem punição rápida. O dinheiro público é desviado, licitações são mascaradas e a prática persiste em diferentes esferas do poder.

Casos históricos ajudam a entender esse cenário. Na década de 1990, os Anões do Orçamento revelaram um esquema de desvio de verbas públicas. Um dos protagonistas, João Alves, chegou a jurar ter ganho mais de 200 vezes na loteria, enquanto Fernando Giacobo afirma ter acertado 12 vezes, explicando parte do patrimônio.

A prática de esconder dinheiro em locais improváveis é marca registrada. Na Operação Prato Feito, em 2018, a PF encontrou R$ 4,6 milhões e US$ 216 mil em espécie entre cabides e gavetas do ex-prefeito de Mongaguá, Artur Parada, enquanto Atila Jacomussi, de Mauá, guardava R$ 80 mil em uma dispensa, dentro de panelas.

Além disso, a roupa íntima também aparece como esconderijo. Em 2005, US$ 100 mil foram encontrados na cueca de José Adalberto Vieira da Silva, assessor de José Nobre Guimarães (CE), irmão do então presidente do PT, José Genoíno. Em 2019, a cueca de João Bosco, ex-prefeito de Uiraúna, guardava R$ 25 mil, ligados a obras superfaturadas na Paraíba.

No Senado e no governo, as emendas secretas e desvios pesaram. Em 2020, Chico Rodrigues (DEM-RR) foi flagrado com dinheiro nas nádegas, no âmbito de apuração de desvios da pandemia, totalizando cerca de R$ 20 milhões, com investigações que alimentaram discussões sobre o uso de recursos públicos.

Em 2021, Josimar Maranhãozinho foi filmado pela PF carregando caixas com dinheiro vivo, R$ 250 mil. Ele afirmou usar o recurso em espécie para pagar parte da compra de equipamentos e segue no mandato, liderando o PL no Maranhão.

Recentemente, a PF encontrou R$ 90 mil em espécie no carro do ex-presidente da Assembleia do Rio, Rodrigo Bacellar, que foi detido, mas teve a prisão preventiva suspensa pelo plenário da casa. Motivos permanecem sem explicação clara.

Geddel Vieira Lima, ex-ministro de Temer, foi um dos poucos a cumprir pena por esconder dinheiro vivo: R$ 51 milhões em malas de viagem em um apartamento vazio, em Salvador. Ele e o irmão Lúcio Vieira Lima foram condenados pelo STF, em 2019, por lavagem de dinheiro e organização criminosa. Hoje, eles já circulam publicamente.

A soma dos casos aponta licitações fajutas, desvios, obras fantasmas, proteção a aliados e emendas parlamentares secretas, com dinheiro circulando sem rastreamento. A impressão é de que a punição não vem sempre, ou é branda, alimentando uma dinâmica de rapinagem.

Como você enxerga esse cenário? Deixe sua opinião nos comentários e participe da discussão sobre combater a corrupção e fortalecer a transparência pública.

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