EUA impõem nova rodada de sanções a ditadura de Daniel Ortega na Nicarágua

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(FOLHAPRESS) – O presidente dos EUA, Joe Biden, assinou nesta segunda-feira (24) um decreto que aumenta a pressão econômica sobre o regime do ditador da Nicarágua, Daniel Ortega.

A ordem executiva proíbe empresas americanas de fazerem negócios envolvendo a indústria de ouro nicaraguense. O Departamento do Tesouro também anunciou sanções contra o chefe da autoridade de mineração do país e outros funcionários do alto escalão do regime.

“Os ataques contínuos de Ortega e Murillo a atores democráticos e membros da sociedade civil e a detenção injusta de presos políticos demonstram que o regime sente que não está vinculado ao Estado de Direito”, disse Brian Nelson, subsecretário do Tesouro, em comunicado divulgado pela pasta, fazendo referência também à primeira-dama e número 2 do país, Rosario Murillo.

Segundo ele, as ações americanas visam negar à ditadura “os recursos de que precisam para continuar a minar as instituições democráticas na Nicarágua”.

As sanções miram especialmente a chefia da Direção-Geral de Minas, que administra as maiores operações, e especificamente Reinaldo Gregorio Lenin Cerna Juárez, descrito pelo Departamento do Tesouro americano como confidente próximo de Ortega.

O ouro foi o principal produto de exportação da Nicarágua no ano passado, movimentando US$ 867,6 milhões (R$ 4,6 bilhões). Do total, 79% das vendas foram para os EUA, de acordo com dados do Banco Central do país.

Segundo o Banco Mundial, a economia do país da América Central cresceu 10,3% em 2021, principalmente graças a remessas de nicaraguenses que vivem nos EUA e a exportações de ouro e café. Neste ano, porém, a atividade econômica deve enfrentar uma queda acentuada.

Além da repressão do regime ditatorial, incomoda à Casa Branca a cooperação da Nicarágua com o governo de Vladimir Putin na Rússia, com a presença de militares a serviço de Moscou no país. A Nicarágua foi o único país da América Latina a votar contra uma resolução da Assembleia-Geral da ONU que condenou a anexação de áreas da Ucrânia por Moscou.

O governo Biden também impôs nesta segunda restrições a 500 pessoas e suas famílias que “trabalhem para o governo da Nicarágua ou formulem, implementem ou se beneficiem” de políticas que minem as instituições democráticas do país.

Não são as primeiras sanções do tipo anunciadas pelo governo democrata. Em junho, a Casa Branca já havia avançado contra a estatal de mineração Eniminas. No mês seguinte, retirou o país da lista de nações com quotas com tarifas baixas para importação de cana-de-açúcar.

Daniel Ortega está no poder de forma ininterrupta desde 2007 e, em novembro do ano passado, venceu uma eleição de fachada que o habilitou a um quarto mandato consecutivo. Um dos líderes da Revolução Sandinista, que nos anos 1970 derrubou a dinastia Somoza, ele foi eleito pela primeira vez 1984 e governou por um mandato antes de voltar ao cargo pelas urnas 15 anos atrás.

O último pleito não foi reconhecido pela maior parte da comunidade internacional, uma vez que, nos meses anteriores à votação, o regime prendeu, sob acusações de lavagem de dinheiro e traição à pátria, sete candidatos opositores. Na ocasião, os EUA, bem como a União Europeia, impuseram e ampliaram uma série de sanções econômicas e diplomáticas contra autoridades ligadas a Ortega.

Em 2018, protestos contra a ditadura acabaram com mais de 300 manifestantes mortos, após a repressão brutal por forças de segurança e grupos paramilitares alinhados ao regime. Em julho deste ano, o principal jornal independente, La Prensa, retirou todos os seus funcionários do país.

Há menos de duas semanas, em 13 de outubro, o Parlamento aprovou uma legislação para controlar a produção audiovisual do país, classificada como censura. O regime também tem avançado contra a Igreja Católica, a qual chamou recentemente de “ditadura perfeita”.

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