O projeto Farinheira Sustentável, realizado no Sul da Bahia, vem ganhando destaque e adesão de agricultores da região. A iniciativa é uma parceria entre agricultores, Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Vigilância Sanitária e Secretaria de Meio Ambiente de Alcobaça, Ministério Público Estadual e Suzano ?? por meio das consultorias Polímata, Controller e Agrobiológika ?? e tem o Banco do Nordeste (BNB) como financiador.
A Farinheira Sustentável incorpora conceitos como aproveitamento de água da chuva, separação entre a área de recepção de mandioca e a área de beneficiamento, tratamento e reaproveitamento de resíduos. Em outras palavras, todos os processos oriundos do cultivo e colheita da mandioca são tratados integralmente, contemplando os pilares ambiental, econômico e social.
A ideia do projeto surgiu a partir da necessidade de se buscar uma forma adequada para o descarte da manipueira (líquido extraído da mandioca quando ela é prensada no processo de fabricação da farinha) na região de Canabrava, em Alcobaça. Em conjunto com o Programa de Desenvolvimento Rural Territorial (PDRT), desenvolvido pela Suzano, e a Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), foi realizada uma pesquisa que subsidiou a elaboração do projeto.
Um dos resultados mostrou que 86% das farinheiras de Alcobaça produziam até 30 sacos de farinha por semana, o que proporcionou informações para desenhar o projeto e dimensionar o sistema de armazenamento da manipueira para, pelo menos, duas semanas de produção. Com base nos dados da pesquisa, um grupo de pesquisadores e consultores desenvolveu o conceito da Farinheira Sustentável.
De acordo com a coordenadora da Polímata Soluções Agrícolas e Ambientais, Jeilly Vivianne, consultora da Suzano no PDRT, a Farinheira Sustentável representa ganhos para os agricultores e a conquista de novos mercados. ??Os agricultores agora têm uma visão mais ampla sobre o potencial dessa cultura e o aproveitamento total da mandioca. Em outro aspecto, a adequação sanitária favorece a comercialização e a abertura de mercados. No aspecto ambiental permite a continuidade da atividade no território, além do uso da manipueira como fertilizante, diminuindo os custos de produção?, relata ela.
No município de Alcobaça já há três unidades sustentáveis ?? inauguradas em 2018 ?? e 50 outras farinheiras estão se adequando ao novo processo. Para isso, 17 turmas já participaram de cursos realizados no Centro de Referência da Mandiocultura, em Pouso Alegre, sobre adequação da produção a esse novo conceito. Ao todo, participaram do curso 225 agricultores dos municípios de Alcobaça, Caravelas, Mucuri, Teixeira de Freitas e Itamaraju, na Bahia, além de Conceição da Barra e Aracruz, no Espírito Santo, para onde o conceito de farinheira sustentável está sendo replicado pela Suzano por meio do PDRT.
Segundo dados do IBGE, divulgados em 2017, a cidade de Alcobaça abriga 775 farinheiras. Se considerarmos que cada família tem cinco pessoas trabalhando, essa iniciativa impacta positivamente a vida de mais de 3.800 pessoas. ??? uma atividade relevante para a economia da região e que precisa estar adequada ao conceito de sustentabilidade. Estamos colocando o conhecimento da nossa empresa nessa área a serviço dos agricultores?, destaca Elton Ray Silva Santiago, analista de Desenvolvimento Social da Suzano.
O projeto da Farinheira Sustentável vem despertando grande interesse entre os agricultores. ??Recebemos várias solicitações de visita para orientar o que fazer para adequar as farinheiras. Nossa expectativa inicial era de que poucos iriam aderir ao projeto e fomos surpreendidos com o anseio dos agricultores por informações e vontade de mudar a realidade?, a consultora do PDRT, Jeilly Vivianne.
O que diz quem já participa do projeto: ??Sou filha de agricultora e tenho muito orgulho. O projeto nasceu de uma ideia que tivemos olhando para o pequeno produtor. Com a Farinheira Sustentável estamos transformando o futuro dos nossos filhos, pois se não cuidarmos do meio ambiente, da nossa terra, eles não terão futuro. A mandioca é uma raiz poderosa e rica em nutrientes para nossa alimentação. Sempre achamos que era somente colher e pronto. Mas aprendemos que podemos trabalhar essa cultura por inteiro. A farinheira veio para nos ensinar que os derivados da mandioca são alimentos muito ricos, e o que jogávamos fora hoje é alimentação animal e riqueza para a terra. ? um adubo maravilhoso, e de graça. Estamos economizando e cuidando da nossa saúde. Agradeço a todos que participam do projeto. Isso é gratificante e mudou a nossa vida.?
??Nossa propriedade foi um piloto do projeto, implantado com o apoio de vários parceiros, e a Suzano teve papel importante com a doação de parte dos materiais para construção e com a assistência técnica. Não imaginava que teríamos uma farinheira do porte da que temos hoje, proporcionando melhores condições de trabalho para os colaboradores, com adequação ambiental e sanitária, sistema de recolhimento e armazenamento da manipueira, entre outras melhorias. Isso vem nos proporcionando reconhecimento até no exterior. Também agregamos valor ao nosso produto e reaproveitamos partes antes descartadas, como as raspas e a parte aérea da mandioca, que passamos a usar na produção de ração para aves?
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