Lira recua e tira PEC da Anistia da pauta em meio a tentativa de acordo com Senado

Publicado:

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), recuou e tirou nesta quarta-feira (19) da pauta de votações do plenário da Casa a PEC da Anistia, proposta que visa dar um perdão a irregularidades cometidas por partidos, em especial a falta de aplicação de recursos em candidaturas de mulheres e negros. A PEC havia entrado na pauta de votações nesta terça (18) após reunião de Lira com líderes partidários.

Nos bastidores, deputados afirmaram que o desengavetamento da proposta, que estava parada desde 2023, ocorreu após garantia de que o Senado também abraçaria a medida. Essa informação teria sido levada a líderes partidários pela presidente do Podemos, a deputada Renata Abreu (SP), além de outros presidentes de partidos.

Essa garantia, porém, passou a ser colocada em dúvida na Câmara nesta terça e quarta.

Renata Abreu se reuniu há cerca de 15 dias com líderes partidários no Senado e na Câmara e teria dito que um novo texto seria apresentando amenizando um pouco o impacto da medida.

Em vez de anistiar toda e qualquer irregularidade cometida pelos partidos, a ideia agora seria perdoar apenas a falta de aplicação de recursos nas candidaturas de negros, multas e juros de outras punições, além de instituir um “Refis” para os partidos.

Além da possibilidade de parcelamento dos débitos, os partidos poderiam usar recursos públicos do Fundo Partidário para quitá-los.

O novo texto reforça também anistia e imunidade tributária a partidos, suas fundações e institutos.

De acordo com relatos, alguns senadores manifestaram apoio à medida, entre eles Ciro Nogueira (PI), que é presidente nacional do PP.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), porém, teria mantido posição refratária à proposta.

Nesta quarta, Lira avisou a dirigentes de outros partidos que só levará a PEC da Anistia a voto se o próprio Pacheco disser publicamente que analisará a proposta no Senado.

Lira manifestou a aliados ter recebido relatos de presidentes de outras legendas de que o senador se comprometeu a levar adiante a matéria, mas afirmou que só passará a confiar nisso se ouvir do próprio Pacheco.

A reportagem procurou Renata Abreu, mas não conseguiu falar com a deputada nesta quarta.

A Câmara chegou a tentar votar a PEC em outubro do ano passado em comissão especial, mas reação contrária barrou a medida. Como não houve votação na comissão no prazo, o presidente da Câmara pode levar o assunto diretamente para o plenário.

A PEC da Anistia conta com o apoio de praticamente todos os partidos, do PT de Lula ao PL de Jair Bolsonaro, tendo como oposição aberta apenas o esquerdista PSOL e o direitista Novo.

Ela já foi aprovada pela CCJ da Câmara e estava em uma comissão especial. Houve três tentativas de votação na comissão no ano passado, mas divergências em alguns pontos específicos adiaram o desfecho.

Para que uma emenda à Constituição seja aprovada, é necessário o voto de ao menos 60% dos deputados federais e dos senadores, em dois turnos de votação em cada Casa legislativa.

Facebook Comments

Compartilhe esse artigo:

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Falta menos de um mês para o Enem. Confira etapas e não perca datas

A contagem regressiva para as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2025 começou. Menos de um mês separa os estudantes...

Veja ação que desmontou arena de rinha de galo e prendeu 24 pessoas

Uma operação policial realizada neste sábado, 11 de outubro, resultou na interrupção de um evento clandestino de rinha de galo em um sítio...

Entrega de reféns em Gaza será na manhã de segunda-feira, diz Israel

O governo de Israel anunciou que a liberação dos reféns mantidos em Gaza ocorrerá na manhã de segunda-feira, dia 13 de outubro. A...