Cannabis vai tratar a dependência de álcool e crack; saiba como

A instituição Corra para o Abraço, no Pelourinho, uma das aprovadas no edital – Foto: Raphael Muller / Ag. A TARDE

A Associação para Pesquisa e Desenvolvimento da Cannabis Medicinal no Brasil (Cannab) está prestes a ampliar seu alcance, incluindo no atendimento pacientes que lutam contra a dependência de álcool e crack. A instituição, já conhecida por oferecer tratamentos gratuitos a mais de 3 mil famílias em situação de vulnerabilidade, recebeu apoio significativo do edital de Pontos de Cuidado da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social da Bahia.

Com um investimento de R$430 mil para cada uma das 13 entidades contempladas, Cannab não só valida seu trabalho, mas também desafia preconceitos sobre a cannabis medicinal. Como bem destacou Leandro Stelitano, fundador da associação, “a legitimação de nosso trabalho é um divisor de águas que pode transformar a vida de muitos.”

A união com entidades como a Associação Beneficente do Terreiro Unzó Tatêto Lembá e o Movimento Indígena da Bahia tem gerado um diálogo rico, onde cada organização busca colaborar e compartilhar serviços. Renata Nascimento, da Iniciativa Negra, enfatiza a importância dessa cooperação: “Estamos criando uma rede integrada para atender a população nas diversas frentes necessárias.”

Cuidado sem Estigmas

Para Gabriel Oliveira, superintendente de políticas sobre drogas da Seades, o cuidado é fundamental na abordagem ao uso problemático de substâncias. “É preciso reconhecer os esforços comunitários e oferecer apoio sem estigmatizar.” A Cannab, com seu enfoque na cannabis medicinal, abre portas para um novo tipo de acolhimento, fundamental para os mais vulneráveis.

Ana Carolina Fernandes, psicóloga da Cannab, ressalta que a expansão das parcerias é uma oportunidade de mudar percepções: “O óleo de cannabis, quando bem prescrito, pode ser uma ferramenta poderosa no tratamento da dependência, diminuindo recaídas e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.”

Os benefícios da cannabis vão além da dependência química, impactando positivamente condições como epilepsia, esclerose múltipla e dores crônicas, alinhando-se às necessidades de tratamento da população.

Desafios e Barreiras

Entretanto, o caminho não é isento de obstáculos. Beatriz Portela, assistente social da Cannab, alerta sobre o desconhecimento e as barreiras econômicas que ainda afastam muitos dos tratamentos. “Estamos empenhados em transformar esse cenário e garantir acesso à cannabis medicinal,” afirma.

João Miguel Chaves Almeida, coordenador da Superintendência de Políticas Sobre Drogas, corroborou a necessidade de abordagens multifacetadas no tratamento de dependentes. “A política de combate às drogas deve ser diversa e dinâmica, proporcionando um cuidado integrado e efetivo.”