Jovem executado em festa de Cajazeiras pediu ‘pelo amor de Deus’ para não morrer

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Caído no chão após levar o primeiro tiro, o mototaxista Mateus dos Santos Moreira, 22 anos, implorou pela vida, mas foi em vão. “Ele pediu ‘pelo amor de Deus’ para não morrer, mas eles atiraram. Depois deram o último tiro ‘de confere’ na cabeça para ter a certeza”, contou um parente de uma das quatro vítimas baleadas em uma festa de paredão no bairro de Fazenda Grande II, na tarde deste domingo (13). Ele morreu no local. 

Os tiros foram efetuados por dois homens que chegaram numa moto, por volta das 17h. Além de Mateus, outras três pessoas foram atingidas durante o paredão, entre elas Pablo Lima Gomes da Cunha, 27 anos, e Carlos Eduardo Santos de Souza Filho, 23. Todos foram socorridos para o Hospital Eládio Lassere. No entanto, Pablo não resistiu aos ferimentos e morreu.

Não há informações sobre a quarta vítima baleada no paredão. Já Carlos recebeu alta na madrugada de segunda (14). Porém, quando voltava para casa, ele sofreu uma emboscada por dois homens que também estavam numa moto no bairro de  Cajazeiras V pouco depois da meia-noite. Os bandidos efetuaram  diversos tiros e Carlos morreu no local. Os disparos mataram também a mãe e o padrasto do rapaz,  Claudia Santos da Silva, 43, e Elias Gonçalves Viana, 63, que estavam no veículo. 

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Mateus estava numa festa de paredão e implorou para não morrer (foto: Reprodução) 

Policiais
O paredão aconteceu no início da tarde de domingo, na praça do Loteamento Parque São José.  “O time da rua venceu um campeonato e estávamos todos comemorando, por isso, rolou o paredão. Só tinha trabalhador, mãe de família. Eles (autores) chegaram em uma moto e começaram a atirar”, contou um parente de Mateus na manhã desta segunda-feira (14), no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR). 

Segundo o parente, os dois criminosos chegaram numa moto e, usando roupas pretas e sem retirar os capacetes, começaram a atirar. “Todo mundo correu, mas Mateus e os demais foram atingidos porque estavam mais próximos dos motoqueiros”, disse o parente. No entanto, o delegado Marcival Lima, do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), deu uma outra versão: “Os dois homens chegaram atirando para cima e em um ato contínuo atiraram contra as vítimas”, declarou ele, que ainda não tem pistas dos criminosos. 

Os parentes de Mateus acreditam que o crime pode ter sido cometido por policiais. “Foram muitos tiros. ? medida que iam atirando, trocavam os pentes das pistolas com muita habilidade, coisa de profissional. Tá todo mundo comentando que foram policiais”, disse. 

O parente disse ainda que as pessoas que mataram Mateus são as mesmas que executaram Carlos, a mãe e o padrasto. “Usavam a mesma roupa preta, estavam na mesma moto preta e sem placa. Eles estavam aguardando Carlos sair do hospital. Seguiram ele e aproveitaram um momento. Isso não é qualquer um que faz. ? coisa de profissional”, declarou o parente.

A reportagem procurou saber da Polícia Civil se há indícios de participação de policiais nos dois crimes, mas a corporação informou apenas que “a autoria e motivação do crime são apuradas pelo DHPP. Equipes estão em campo coletando informações que possam auxiliar na elucidação do caso, cuja investigação está na fase inicial”, disse a nota. 

Rifeiros
Quando não estava fazendo entregas com a sua moto, Mateus fazia uns “bicos” como gesseiro e “rifeiro” – quem ganha dinheiro passando rifas. Ele morava no Loteamento Parque São José e era amigo de todos que foram baleados: Pablo, Carlos e um outro rapaz ainda não identificado. Os três também passavam rifas.

“Todos eles não se envolviam em nada. Todo mundo trabalhador. Se fossem vagabundos, teriam sido baleados em bocas de fumo, como acontece com as pessoas que andam erradas. Eles estavam ontem numa festa com os próprios moradores do bairro”, declarou.

O parente disse que também conhecia a mãe e o padrasto de Carlos: Cláudia e Elias. “Ela era uma pessoa maravilhosa, lutadora, trabalhava fazendo unha em domicílio. Já o companheiro dela era funcionário de uma obra”, contou.

Mateus foi enterrado às 16h desta segunda em Salvador. A família preferiu não informar o local. Os parentes das demais vítimas não foram localizados.
 

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