Cerca de 100 agricultores se reuniram em Versalhes na última sexta-feira (26) para protestar contra o acordo de comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul. O principal sindicato agrícola francês, FNSEA, convocou essa mobilização junto com os Jovens Agricultores, levando tratores e acendendo sinalizadores verdes em frente ao famoso palácio.
Os trabalhadores rurais expressaram preocupação de que o mercado europeu seja invadido por carne, açúcar e arroz da Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, devido à ratificação do acordo iniciada pela Comissão Europeia em setembro. O líder do FNSEA, Arnaud Rousseau, destacou que a mobilização visa chamar a atenção do presidente francês, Emmanuel Macron, que precisa “agir” diante dessas questões.
As autoridades estão prevendo quase 3.000 participantes em 70 ações programadas em todo o país. O sindicato Confederação Camponesa, um dos maiores do setor, já anunciou protestos com tratores em Paris para o dia 14 de outubro. Pascal Verriele, um agricultor de 56 anos, desabafou que se sente “no fundo do poço” após 40 anos de trabalho no setor, sem perspectivas de futuro.
A insatisfação é reflexo de um cenário que inclui o acordo com o Mercosul e a concessão de cotas isentas de tarifas à Ucrânia, o que está desestabilizando as fazendas locais. Os agricultores já haviam realizado manifestações em 2024, e, na ocasião, o governo se comprometeu a adotar medidas como a eliminação do aumento no preço do diesel agrícola e redução de burocracias.
A Comissão Europeia prometeu concluir o tratado com um “texto jurídico” que fortaleça as medidas de proteção em caso de danos aos produtos europeus, buscando acalmar a França. Contudo, os sindicatos agrícolas permanecem céticos e podem convocar novas manifestações durante o inverno, quando as condições de trabalho nos campos forem mais favoráveis.
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