O que é MPB? Homenagem à Chiquinha Gonzaga mistura ritmos e gêneros, mas segue sem renovação

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Um dia após o Dia Nacional da Música Popular Brasileira, celebrado em 17 de outubro, o Bahia Notícias traz à tona uma pergunta que tem sido debatida por décadas: “O que é MPB?”. Esse questionamento esteve presente por 38 anos nas aulas de História da Música Popular Brasileira na Universidade Federal da Bahia (UFBA), com o professor Tom Tavares propondo uma visão prática. Para ele, MPB é simplesmente toda música produzida no Brasil ou por brasileiros.

As respostas dos alunos variam, com alguns citando o samba e outros o maracatu ou samba-reggae, mas Tavares acredita que todas essas respostas estão corretas. No entanto, a definição de MPB se distancia da categorização feita por plataformas de streaming, como o Spotify, que classifica MPB como um “gênero” e se concentra em artistas consagrados dos anos 60 e 70, como Maria Bethânia e Gilberto Gil.

O termo MPB, segundo Tavares, ganhou força com o Festival de Música Popular Brasileira, um evento que começou em 1960 e apresentou ao público ícones como Gilberto Gil e Caetano Veloso. Esse festival ajudou a moldar o que entendemos hoje por MPB, com nomes como Elis Regina e Chico Buarque se tornando referências essenciais na história musical do Brasil.

A MPB, no entanto, é ainda mais antiga, com suas raízes ligadas a figuras como Chiquinha Gonzaga, homenageada no Dia Nacional da MPB. Nascida em 17 de outubro de 1847, no Rio de Janeiro, Chiquinha foi uma compositora e regente que desafiou as normas da sua época, tornando-se uma das pioneiras da música brasileira. Sua obra mais conhecida, a marcha “Ó Abre Alas,” conquistou o público em 1899.

Tom Tavares ressalta a importância de Chiquinha na música brasileira, tanto como instrumentista quanto como fundadora da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais. Ela quebrou barreiras de gênero ao se destacar em um campo predominantemente masculino, enfrentando preconceitos e dificuldades ao longo de sua carreira.

Hoje, nomes como Liniker, Anavitória e Lagum emergem como representantes da chamada “Nova MPB”. No entanto, Tavares acredita que essa nova denominação é mais uma estratégia de marketing. Para ele, o que falta é a verdadeira inovação. “Se você se considera novo, precisa trazer algo novo”, diz. Segundo o professor, muitos desses artistas continuam a olhar para suas referências do passado, em vez de criar algo original.

Tavares observa que, sem essa liberdade criativa, a música pode acabar repetindo fórmulas já conhecidas, como se fosse um produto gerado por inteligência artificial. Essa repetição pode ser uma limitação para a evolução do gênero e para a expressão musical brasileira.

Você concorda com a visão do professor sobre a MPB e a nova geração de artistas? Como você vê a relação entre tradição e inovação na música brasileira? Compartilhe suas opiniões nos comentários!

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