A relatora especial da ONU para os Direitos Humanos nos Territórios Palestinos Ocupados, Francesca Albanese, não economizou nas críticas ao recente acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas. Durante uma coletiva de imprensa na África do Sul, ela afirmou que o plano, mediado pelos Estados Unidos, é “absolutamente inadequado” e não atende às necessidades do direito internacional diante do que chama de “genocídio” do povo palestino.
O cessar-fogo, atualmente em vigor, busca encerrar dois anos de conflito e assegurar a liberação de reféns, além de possibilitar a reconstrução da devastada Faixa de Gaza. No entanto, Albanese argumenta que a trégua é insuficiente. Ela defende a necessidade de ações mais abrangentes, incluindo o término da ocupação e a exploração dos recursos palestinos, destacando que “não se trata apenas de uma guerra, mas de um genocídio, com a intenção de destruir um povo”.
Israel, que controla parte significativa do território palestino, rejeita as denúncias feitas pela relatora, afirmando que são “distorcidas, falsas e carregadas de antissemitismo”. A África do Sul, por sua vez, já tomou medidas jurídicas e apresentou uma ação contra Israel na Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia, por alegações de genocídio.
Albanese, que é alvo de sanções dos Estados Unidos desde julho, deve submeter um novo relatório à ONU nos próximos dias, onde vozes de críticos ocidentais são apontadas como cúmplices ao fornecerem apoio militar e diplomático a Israel durante o conflito. Ela ressalta que tanto os Estados Unidos quanto Israel são responsáveis por liderar o “genocídio em Gaza” e por minar as estruturas multilateralistas que buscam responsabilização internacional.
A relatora também critica as discussões sobre uma solução de dois Estados, descrevendo-as como uma “falsa pretensão”, e argumenta que o foco deve ser em como acabar com o genocídio. Albanese conclui afirmando que os países membros da ONU devem romper qualquer vínculo com Israel, sugerindo que quem mantém relações econômicas, políticas ou militares com o Estado israelense também carrega uma parte da responsabilidade.
Essa situação delicada em Gaza gera intensas discussões. O que você pensa sobre as declarações da relatora e o atual cenário? Deixe sua opinião nos comentários.
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