Encontro em Teixeira de Freitas marca lançamento do programa de restauração da Mata Atlântica

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Aconteceu na Câmara de Vereadores da cidade de Teixeira de Freitas, nesta quarta e quinta-feira, dias 28 e 29, respectivamente, o �??Encontro Interinstitucional de Restauração, Conservação e Economia Florestal�?�. O evento marcou o lançamento da pedra fundamental do programa �??Arboretum�?�, que visa a conservação, restauração e valorização da diversidade florestal da Mata Atlântica na região da Costa das Baleias.

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“O programa deve viabilizar a adequação ambiental de atuais 846 propriedades rurais que envolvem uma área de aproximadamente 360 mil hectares”, informou o coordenador regional do Núcleo Mata Atlântica (NUMA) do Ministério Público estadual, promotor de Justiça Fábio Corrêa, organizador do evento.

O encontro contou com palestras de especialistas da área ambiental, representando órgãos das esferas estadual e federal, além de instituições públicas e privadas de pesquisa. Entre estudantes universitários, profissionais técnicos e acadêmicos da área ambiental, uma plateia de aproximadamente 200 pessoas acompanhou apresentações que trouxeram informações sobre economia florestal e sobre estratégias e instrumentos para a cadeia de restauração e conservação de florestas.

Segundo o promotor de Justiça Fábio Corrêa, o programa prevê diversas ações, como a produção de mudas; a criação de uma rede de semente; e a instalação de viveiro, herbário, sementeiro e laboratório. A expectativa é que sejam disponibilizadas sementes de espécies naturais da Mata Atlântica e realizado o plantio com geração de renda para os proprietários rurais.

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O superintendente de Pesquisas e Estudos Ambientais da secretaria estadual do Meio Ambiente, Luis Ferraro, falou sobre a dificuldade de realizar uma política de restauração na Bahia. Entre os obstáculos, ele listou a falta de quantidade e qualidade de mudas e sementes e da deficiência quantitativa de técnicos.

O diretor de Pesquisa e Informação do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), Joberto Veloso, apresentou o papel do órgão no monitoramento e proteção das florestas e destacou a redução do desmatamento na floresta Amazônica em 16 milhões de hectares nos últimos sete anos.

A pesquisadora do Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora), Eline Martins, informou, com base em dados do Livro Vermelho da Flora do Brasil, que aproximadamente 61 espécies estão em ameaça de extinção no sul da Bahia, entre elas 32 de famílias botânicas.

Dois dos temas mais debatidos durante o evento foram a silvicultura (plantio de árvores pelo homem) e o manejo florestal, que prevê uma segunda exploração de madeira após intervenções para a recuperação da floresta. O engenheiro florestal Renato de Jesus, da empresa Symbiosys Investimentos, apresentou dados volumétricos que, segundo ele, mostram a ineficácia do método. �??O que tem mais valor é floresta em pé. Quer fazer exploração de madeira, tem que plantar. Cortar floresta natural é ilógico�?�, disse. Ele defendeu a silvicultura como objeto de política pública. A posição do especialista não foi seguida por outros palestrantes. O fundador da empresa do setor florestal Amata, Roberto Waack, argumentou que experiências na Europa mostram exemplos exitosos de manejo. Em sua apresentação, ele falou sobre o mercado de madeira no Brasil. Waack disse que o País é o quarto maior consumidor de madeira do mundo. Ele destacou que o debate mundial sobre o valor da floresta, hoje está fragmentado entre �??gente que considera o valor do metro cúbico e gente que considera o valor da quantidade de gás carbônico retirado da atmosfera�?�.

Além deles, fizeram apresentações durante o primeiro dia de evento o professor da Universidade Católica de Brasília, Eduardo Gonçalves (com o tema Produtos Florestais Não Madereiros); e Beto Mesquita, da Conservação Internacional (Pacto pela Restauração da Mata Atlântica e cadeia produtiva da restauração). Representantes da Prefeitura Municipal e da Câmara de Vereadores compuseram a mesa de abertura. A coordenadora de Restauração da SOS Mata Atlântica, Aretha Medina, e a professora �?dila Coswosk, da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), fizeram as mediações das duas mesas redondas, que contaram com perguntas e observações do público.

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ARBORETUM
Idealizado por Natália Coelho, o �??Arboretum�?� ganhou corpo por meio da atuação do MP, que em dezembro de 2011 formalizou Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com empresas de celulose da região exploradoras da produção de eucalipto. O promotor Fábio Corrêa explicou que, através de estudo realizado por órgão ambiental estadual, concluiu-se que �??onde deveria existir formação florestal em áreas de reserva legal e de preservação permanente (APP), tinha plantio de eucalipto�?�.

Umas das consequências do TAC é que as empresas vão custear e manter a estrutura e ações do programa, devido a �??anos de aquisição ilegal de madeira em área protegida�?�, em um total máximo de investimentos de R$ 30 milhões, incluindo custos de manutenção de R$ 100 mil por mês ao longo de uma década. O programa está sendo viabilizado por meio de cooperação técnica da Fundação José Silveira, SFB, Uneb, CNCFlora, Superintendência de Pesquisas e Estudos Ambientais da Secretaria estadual do Meio Ambiente, e da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrário (EBDA). Segundo o promotor Fábio Corrêa, outros acordos de cooperação técnica estão em vias de ser firmados.

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