O Ministério Público do Trabalho (MPT) processou, na noite de segunda-feira (24/10), dois frigoríficos de Betim (MG) por assédio eleitoral contra cerca de 500 funcionários.
A Procuradoria Regional do Trabalho da 3ª Região (PRT-3) apresentou ação civil pública com pedido de liminar para que o Frigobert Frigorífico e o Frigorífico Serradão se retratem com os empregados, informando-os de que eles têm o direito de escolherem livremente os respectivos candidatos nas eleições.
Vídeos mostram o momento em que funcionários do Frigobert Frigorífico receberam camisa verde e amarela, com o número do candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL). A empresa tem 446 empregados, segundo a ação do MPT.
Segundo a denúncia enviada ao MPT, os proprietários da empresa distribuíram as camisetas e pediram expressamente para os empregados votarem em Bolsonaro. Eles também teriam solicitado que levassem uma comprovação do voto, na segunda-feira (31/10), para ganhar um pernil.
Veja imagens:
Já no Frigorífico Serradão �?? que fica no mesmo endereço da outra empresa e tem os mesmos sócios �??, os funcionários também foram obrigados a vestir camiseta verde-amarela e a ouvir uma palestra em que houve pedido expresso de voto em Bolsonaro, sob ameaça de demissão, segundo a denúncia enviada ao MPT. A empresa tem 120 empregados.
A procuradora do Trabalho Priscila Boaroto disse à coluna Grande Angular que o MPT enviou uma recomendação às empresas, mas não houve retorno. Além da liminar para que os frigoríficos se retratem, a instituição pediu à Justiça que condene as empresas a pagar indenização por danos morais coletivos de R$ 2 milhões e indenização individual de R$ 2 mil.
�??Por ser uma situação de urgência, por estarmos a poucos dias do segundo turno, entendemos que seria necessário ajuizar o caso. Pedimos que o juiz determine o cumprimento das medidas, sob pena de multa�?�, afirmou Priscila.
A coluna Grande Angular não conseguiu contato com os frigoríficos. O espaço permanece aberto para eventuais manifestações.
Denúncias O MP do Trabalho recebeu, até esta terça-feira (25/10), 1.435 denúncias sobre assédio eleitoral no pleito de 2022.
Diante do grande volume de informações sobre coação de funcionários para votar em candidatos específicos, o MPT autorizou que os casos, antes direcionados aos Núcleo de Igualdade, sejam distribuídos aos procuradores do Trabalho das regiões das denúncias.
�??Sempre no período que antecede as eleições, costumamos receber denúncias do gênero. Mas, como ocorreu este ano, ainda não tínhamos visto. Desde o primeiro turno até o momento, foi uma explosão de casos. Isso tem causado espanto e levou à necessidade de adoção das medidas urgentes�?�, disse a procuradora do Trabalho da 3ª Região.
Que você achou desse assunto?