Traição não indica insatisfação com o relacionamento, nem há fórmula certa para lidar

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(FOLHAPRESS) – Poucos dias depois de lançadas, as novas músicas das cantoras Shakira e Miley Cyrus se tornaram as faixas mais ouvidas do Spotify no mundo. O sucesso instantâneo não é a única coisa que elas têm em comum: ambas falam de insatisfações com relacionamentos passados ao trocar lamentações por indiretas aos ex-companheiros e elogios a si mesmas.

No caso de Shakira, o burburinho nas redes sociais foi ainda mais intenso devido ao fim turbulento de seu relacionamento com o espanhol Gerard Piqué, acusado de trair a cantora.
Especialistas ponderam, porém, que a traição não necessariamente está relacionada com insatisfação com o relacionamento. É preciso ter cuidado ainda mais cuidado, porém, quando há recorrência.

Falar sobre traição não é novidade no mundo da música, mas quando letras tratam de um episódio real e público, como no caso das cantoras, os fãs se mobilizam com mais intensidade.

Para a psicóloga Daniela Faertes, membro da Academia Americana de Terapia Cognitiva e especialista em mudança de comportamentos prejudiciais, isso ocorre pois existe um fascínio pelo sofrimento de celebridades, deslumbramento que acontece pela identificação.

“Mas temos que cuidar para que isso não acabe banalizando um assunto que é extremamente doloroso e sofrido”, aponta a profissional.

A escolha de compor e lançar músicas com base nesta dor é uma forma que as artistas encontraram de lidar com ele. Faertes destaca, porém, que cada um tem uma forma de perceber, significar e lidar com a traição. Nem sempre buscar vingança ou expor o caso será a melhor escolha.

Carmita Abdo, professora da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) e coordenadora do ProSex (Programa de Estudos em Sexualidade), afirma que trair é um comportamento comum.

Em um estudo dirigido por Abdo em 2016, 70% dos homens de 18 a 70 anos participantes do trabalho admitiram já ter traído ao menos uma vez na vida. Entre as mulheres, há uma tendência de aumento entre as gerações mais jovens. Dos 18 e 25 anos, 48% disseram já ter traído. Já entre aquelas com mais de 60 anos, eram 21%.

“Antigamente, havia uma naturalização da traição do homem pelo próprio machismo”, diz Faertes. “Isso ainda existe, mas a tendência é que esses números se aproximem cada vez mais.”

Apesar de comum, a traição costuma trazer sofrimento. O impacto depende da forma como cada enxerga a traição. As especialistas destacam que o ato não tem ligação direta com a quebra de uma relação monogâmica, e sim com o descumprimento de um acordo sobre o relacionamento, qualquer que seja.

A experiência pode ativar uma série de sentimentos negativos, como baixa autoestima, quebra de confiança e sensação de menos valia.

Como lidar com uma traição? Faertes destaca que não existe uma maneira correta de agir diante de uma traição. “O mais importante é entender que não há obrigações”, diz.

É um momento de entender os próprios sentimentos e revisar os próprios valores. A psicóloga afirma que cada situação é única e é importante ter cuidado com opiniões alheias e pressões sociais.

Quando a pessoa não consegue compreender o que está sentindo ou está indecisa sobre como agir, procurar terapia individual ou de casal é uma opção.

Além disso, também é importante entender que, muitas vezes, a traição não tem relação com alguma insatisfação com a vida de casal nem diz algo sobre quem foi traído. Traídos tendem a se culpar pelo acontecimento, mas esse não é um comportamento produtivo, pontua a profissional.

Para Faertes, este é um aspecto interessante nas músicas que estouraram esse mês. “Existe um empoderamento, não pela exposição, mas pelo fato de que essas mulheres não aceitam a naturalização da traição.”

Por outro lado, Abdo destaca que demonizar o traidor também não é o melhor caminho. Perceber que a traição é frequente ajuda a entender que não acontece só com você, e que não necessariamente quem trai é uma péssima pessoa.

A professora aponta que é preciso entender o que levou a esse acontecimento e quais posturas precisam ser modificadas de ambos os lados.

Mesmo que o casal decida encerrar o relacionamento, é interessante rever os próprios comportamentos e pensar se algo pode ser feito de maneira diferente nos próximos.

Contudo, Faertes alerta sobre a infidelidade frequente. “As pesquisas mostram que é possível superar uma traição e estar numa relação em que só tenha ocorrido um episódio. Mas, quando é constante, é um indício de que as coisas não vão mudar.”

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