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ESG: como entrar em carreira promissora com salários que chegam a R$ 35 mil

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Os CEOs começaram a entender que precisam ultrapassar o muro do lucro. Agora, é tempo de caminhar em direção à responsabilidade social. Transparência, igualdade e sustentabilidade são a fundação que manterá a empresa de pé frente aos desafios contemporâneos, ao novo mercado e aos grandes investidores, cada vez mais exigentes. E a construção desse alicerce abre diversas vagas para uma carreira em ascensão, a de ESG, do inglês Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e de Governança).

Os salários nesta área vão de R$ 8 mil, para os cargos de analistas de ESG com experiência, e podem chegar a R$ 35 mil, para os cargos de Head ESG em uma empresa que exige no currículo do seu colaborador habilidades relevantes, além de especializações e certificações, segundo o Guia Salarial Robert Half 2023. De acordo com dados obtidos na plataforma LinkedIn, no último mês, foram publicadas mais de 600 vagas no Brasil.

“Muitas empresas de grande porte já adotavam uma agenda de sustentabilidade robusta, mas, em face desses movimentos, passaram a tratar do tema com maior amplitude e rigor, inclusive em relação à sua cadeia de valor, e a sistematizar as ações sociais, ambientais e de governança que realizam. Com isso, abriu-se a oportunidade para criação de vagas de trabalho para profissionais que possuem expertise em governança corporativa, diversidade, inclusão, saúde mental do trabalhador e na área ambiental”, explica Augusto Cruz, advogado e consultor em governança corporativa, investimento social, ambiental privado, diversidade e inclusão nas empresas.

Não é preciso ter uma graduação específica para atuar na agenda ESG, até porque são três os pilares, mas algumas carreiras podem ajudar os profissionais a saírem na frente. Um engenheiro ambiental, por exemplo, tende naturalmente a desenvolver mais habilidades em sustentabilidade e, com isso, mais chances de ajudar uma empresa a reduzir as emissões de carbono. Da mesma forma que uma pessoa que passa pelas ciências sociais aplicadas tem muito mais a contribuir para a equidade de gênero no trabalho.

O mercado é tão amplo que consegue absorver pessoas de qualquer área desde que sejam capazes de diagnosticar fragilidades, sugerir soluções, captar recursos e prestar contas. Profissionais e especialistas na agenda ESG ouvidos pelo Correio foram unânimes ao afirmarem que não importa a formação inicial do sujeito, mas que é imprescindível que ele se especialize, seja por meios de cursos livres, grupos de pesquisas dentro das universidades, eventos e MBAs. 

Rodrigo Amaral, analista de ESG, por exemplo, se formou em administração e tem mestrado na mesma área. No segundo grau acadêmico, analisou formas de financiamento de energia renovável. Os primeiros passos em direção à carreira começaram a ser dados com a entrada em uma rede de pesquisadores em finanças sustentável. Além disso, houve as mini formações como cursos livres, de extensões e palestras.

“Para quem está estudando, o ideal é buscar vinculação com grupos de pesquisa, estágios específicos e cursos de extensão que as próprias universidades podem oferecer gratuitamente. Não há uma fórmula de sucesso, mas você pode adicionar formações que aumentam suas chances de ser contratado. Além do mais, as vagas podem considerar profissionais bilíngues, visto que a demanda é global, logo, é bem comum atuar com clientes ou com metodologias internacionais”, orienta.

Uma prova de que essa carreira é promissora é o fato de que uma empresa com estratégias ESG claras e com ações concretas podem ter mais chances de atrair investidores, que vêm cada vez colocando a agenda à frente na hora de tomar a decisão de onde confiar seus aportes. Os resultados do estudo “PwC Global ESG Survey” divulgados em 2021 mostram que dos 360 investidores ouvidos, 79% afirmam que a prática de ESG impacta as tomadas de decisão de investimentos. Quase metade (49%) disse que pretende retirar recursos de empresas sem ações reais em ESG.

“Vamos imaginar que nós temos R$ 1 milhão e investimos em uma empresa ‘x’. No passado, iríamos olhar os valores das ações, o segmento em que ela atua, se ela está ‘ok’ financeiramente, se tem balanço publicado e demonstrações. Ou seja, olhamos apenas para o curto prazo, mas, 15 dias depois, essa mesma empresa causa um grande dano ambiental e destrói a Baía de Todos os Santos, nosso dinheiro vai sumir do mapa. Então, o investidor entendeu que a empresa de sucesso e competitiva é aquela que, além de ter um desempenho acima da média na área econômica, também precisa ser acima da média nas questões social e ambiental”, ilustrou Fábio Rocha, especialista em ESG, carreira, liderança e cultura organizacional. 

Ruy Fortini, fundador da socialtech Doare, que faz mediação entre doadores e ONGs e que realiza projetos ESG para empresas, afirma que atende negócios de médio a grande porte — a última delas uma mineradora multinacional brasileira. Ele avalia que a adoção das boas práticas vem de uma pressão tanto do consumidor quanto da sociedade civil. 

“Eu tendo a acreditar que os CEOs estão mudando suas perspectivas, até porque os CEOs de grandes empresas, de empresas multinacionais sofrem com as cobranças de investidores. O ESG deixou de ser uma coisa ‘nice to have’ [interessante, mas dispensável] para ser ‘must have’ [necessário]. A partir do momento que existe pressão do mercado financeiro para que se tenha métricas ESG, relatórios e comprovações, é função dos CEOs garantir que isso seja cumprido”, analisa. 

Conselhos para atuar na área

  • Augusto Cruz, advogado e consultor em governança corporativa, investimento social, ambiental privado, diversidade e inclusão nas empresas: “Tem havido uma oferta enorme de cursos e pós-graduações para formação em ‘profissional de ESG’, no entanto, é importante salientar que ao se falar em ESG estamos tratando de três pilares complexos e com diversos temas e subtemas. Há, sim, mercado para atuação na área de sustentabilidade e de ESG, porém, recomendo que as pessoas que buscam oportunidade ou recolocação de carreira foquem em algum dos pilares e, mais ainda, que tenham foco em temáticas específicas”.
  • Robson Amaral, analista ESG: “O profissional ESG, além de atuar em diversas frentes, pode ter formações variadas. “Desde engenharias até ciências sociais. Se o profissional está graduado, um ponto positivo para encontrar mais vagas”, destaca. “Eu indico formações a nível de especialização (há diversas, desde mais abrangentes como gestão ESG, até cursos específicos como gestão de impactos sociais). Você deve guiar esta formação de acordo seu perfil. De maneira geral, as competências necessárias estão se afunilando. Para atuar em estratégia ESG, por exemplo, é mais adequado formações em engenharias, ou ciências sociais aplicadas. Para gestão de riscos climáticos, podem ser engenharias ou ciências biológicas. Para atuação em finanças sustentáveis, talvez seja mais adequado economia, contabilidade ou administração”.
  • Fábio Rocha, especialista em ESG, carreira, liderança e cultura organizacional: “Qualquer nova área de atuação e carreira, nunca jogamos fora as competências que acumulamos, sejam técnicas ou acadêmicas. Dito isso, precisamos olhar que é um mito ter um profissional completo na sopa dessas três letrinhas. A depender das minhas formações , seja no nível de graduação ou pós, eu preciso olhar em que eu preciso me aprofundar em termos de ESG. Se sou um advogado e tenho um histórico de atuação em auditoria, em tese, devo buscar uma formação na área de compliance e governança corporativa porque minha formação pregressa vai me ajudar a me consolidar no ‘G’ do ESG […] Existem os MBAs específicos, inclusive com amplitude de ESG, existem MBAs na área de meio ambiente ou, especialmente na área de compliance, mas automaticamente é muito mais do que simplesmente: eu quero ir para essa área com a ilusão que eu vou encontrar um curso que vai me dar uma formação que seja plena. Ou seja, aquela ideia do aprendiz da vida inteira é uma ideia real para ESG, você terá que aprender o tempo todo, inclusive com experiência prática e profissional”.

Onde se especializar?

Curso: ESG e Gestão 
Modalidade: EAD
Instituição: USP

Pós-Graduação: ESG e Sustentabilidade Corporativa
Modalidade: EAD
Instituição: FGV 

Pós-graduação: Gestão em Governança Corporativa Socioambiental – ESG
Modalidade: EAD
Instituição: Uninter

MBA: ESG
Modalidade: presencial e EAD
Insitituição: IBMEC

MBA: MBA Online ESG Management 
Modalidade: EAD
Instituição: PUC Rio

***

II Fórum ESG Salvador

Nos dias 30 e 31 de maio, Salvador será novamente a capital baiana do ESG. Questões ambientais, sociais e de governança corporativa estarão em pauta, discutidas por nomes de destaque no segmento, além do empresariado e lideranças públicas.  Com ingressos esgotados, o evento terá transmissão ao vivo pelo Youtube (https://www.youtube.com/@Correio24hBahia) 

Projeto assinado pelo Jornal CORREIO e o portal Alô Alô Bahia, o fórum mais uma vez terá o Porto Salvador, no Comércio, como sede. Considerado o maior encontro desta natureza no estado, o evento já está com sua programação praticamente definida e vai trazer atualizações do que vem sendo debatido sobre ESG no mundo.

O II Fórum ESG Salvador é um projeto realizado pelo Jornal Correio e Site Alô Alô Bahia com o patrocínio da Acelen, Aliança da Bahia, Ambev, Atlantic Nickel, BAMIN, Bracell, Contermas, Deloitte, Grupo Luiz Mendonça – Bravo Caminhões e AuraBrasil, Jacobina Mineração, Moura Dubeux, Sotero Ambiental, Socializa, Suzano e Unipar; apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador, SEBRAE, SENAI CIMATEC e Instituto ACM; apoio da Larco Petróleo, Sabin, Senac e Wilson Sons e parceria do Fera Palace Hotel, Happy Tour, Hiperideal, Multimídia, Ticket Maker, Uranus2, Vini Figueira Gastronomia e Zum Brazil Eventos.

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