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Baianos apostam em vagas remotas fora do estado, deixam grandes centros e retornam para casa

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Késsia Costa, de 24 anos, se formou no ensino médio em 2016. Sabia que se continuasse em sua cidade natal, Ipirá, no centro-norte do estado, teria poucas possibilidades de formação e, sobretudo, emprego formal. Seguiu assim os passos dos seus irmãos mais velhos e mudou-se para um grande centro urbano. Na cidade de São Paulo, cursou bacharelado e licenciatura em geografia pela Universidade de São Paulo (USP). Na instituição, participou de pesquisas, fez estágios e, com o diploma em mãos, passou a atuar em uma empresa de geomarketing. Seu objetivo nunca foi permanecer na capital paulista e a possibilidade da vaga ser 100% remota fez com que ela não pensasse duas vezes em aceitar a proposta e voltar para seu estado de origem. A oferta de trabalho à distância, no entanto, caiu em todo Brasil, como sugere uma pesquisa feita pela Cortex, empreendimento de inteligência de vendas entre empresas na América Latina, divulgada em junho deste ano. Das 800 mil oportunidades de emprego listadas nos principais portais de vagas em todo o país, apenas 30,8 mil mencionaram em suas descrições a possibilidade de trabalho em outro ambiente que não fosse o da empresa. Esse número representa apenas 3,7% do total de vagas oferecidas e marcou a menor porcentagem registrada em um ano. Do total de vagas remotas em aberto, a maioria delas (9 mil) era para o setor de serviços em diversas áreas, como treinamento e viagens. Em segundo, o setor de tecnologia (7.969), no qual atua Késsia, e, em seguida, varejo (4.141). A capital baiana não aparece no ranking de capitais que mais oferecem empregos nessa modalidade de atuação. O pódio é liderado por São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte e Porto Alegre. Das 235 vagas oferecidas no último mês em empresas baianas e com sede na Bahia na plataforma de negócios e empregos LinkedIn, apenas 8 delas eram na modalidade remota, o que representa 3,4% do total de vagas oferecidas. A maioria é para serviço presencial (93%) e híbrido (4,6%). “Pelo motivo óbvio de que, no eixo sul e sudeste, está concentrada a maioria de empresas, sobretudo aquelas ligadas à inovação e tecnologia, que tem uma dinâmica operacional diferente dos empreendimentos convencionais e que são muito mais adeptos da modalidade. É muito comum ver trabalhadores de outros estados fazendo parte de empresas com sedes nessas duas regiões. Outro fato que percebo é que, quem não é baiano e trabalha para empresas de outros estados, está na Bahia pela flexibilidade do trabalho remoto”, opina o consultor de carreiras e de marketing digital Carlos Montes. Késsia optou, neste primeiro momento, não se desvincular de uma cidade grande. Por isso, escolheu Salvador como um novo endereço. Na capital baiana, está a poucas horas de Ipirá (2h40 de carro), onde mora parte da sua família. Assim, as chances de se sentir sozinha é menor. “Continuo tendo o ritmo de uma cidade grande e consigo acessar coisas que cidades do interior não me permitiria. Sinto que se encaixou dentro do que eu precisava no momento: continuar em uma cidade grande, mas não tanto, a ponto da loucura que é viver em São Paulo, ficar mais próxima da minha família e de pessoas que eu me identifico”, diz a jovem. Em termos geracionais, os mais jovens, são os que mais preferem regimes totalmente remotos, como sugere um relatório divulgado pela PwC Brasil. Enquanto a geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) (64%) e Y (nascidos entre 1980 e 1994) (28%) dão preferência a trabalhar remotamente, os da geração X (nascidos entre 1961 e 1979) (22%) e os baby boomers (nascidos entre 1945 e 1960) (20%) são menos adeptos a essa modalidade de trabalho. Larissa Gonçalves, gerente de operações Luandre RH, uma das maiores consultorias de Recursos Humanos do país, afirma que os candidatos não necessariamente buscam vagas nesta modalidade, mas o que é percebido é um aumento no número de recusas de candidatos quando ficam sabendo que a vaga é 100% presencial. “Desta forma, para empresas que buscam os melhores talentos, se faz cada vez mais importante discutir e avaliar a modalidade de trabalho que irá adotar, considerando a possibilidade do trabalho remoto ou híbrido. O home office possui vantagens como evitar o desgaste com o deslocamento, principalmente quando se trata de grandes distâncias, algo comum em grandes cidades. Esse tempo economizado costuma ser benéfico e aumenta a produtividade e a motivação no dia a dia.”, diz a gerente. Carlos Almeida, de 32 anos, iniciou o processo de transição de carreira durante a pandemia. O professor de matemática por influência de um amigo fez um curso de análise de dados e, hoje, longe da sala de aula de escolas particulares, faz parte do quadro de colaboradores de uma empresa curitibana. Dependendo apenas de um computador para trabalhar, ele não vive mais em Salvador, onde permaneceu durante 15 anos. Mudou-se recentemente para Irecê, no centro-norte, sua cidade de origem. “Eu sempre me identifiquei muito mais com a rotina de uma cidade pequena. Apenas deixei meu município porque não havia oportunidades. Ganho muito mais do que ganhava, tempo mais tempo livre e economizo morando com os meus pais porque tenho planos de construir uma chácara”, disse. Ainda de acordo com o estudo da Pwc, o trabalho remoto não é unânime no mundo pós-pandemia. Tanto colaboradores como executivos apontam sua preferência pelo regime híbrido com 1 ou 2 dias por semana no escritório como o melhor para a empresa maximizar a produtividade de seu pessoal. Em segundo lugar na lista de preferências, enquanto os colaboradores mencionam o home office integral, os executivos são favoráveis ao regime híbrido com 3 ou mais dias por semana no escritório. A pesquisa foi feita em 2022 com 289 executivos e 633 colaboradores em todo o Brasil. Onde encontrar vagas: LikedIn Vagas https://www.catho.com.br/ Indeed Trampos 99jobs Banco Nacional de empregos O Agenda Bahia 2023 é uma realização do CORREIO, com patrocínio da Unipar, apoio institucional do Sebrae, apoio da Wilson Sons, Salvador Bahia Airport e 4events e parceria da Braskem e Rede+.
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