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Em busca de alunos, universidades oferecem mensalidades a partir de R$ 99

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A estudante Débora Souza, 48 anos, está no terceiro semestre de Administração. Com desconto por conta da nota do Enem, ela paga menos de R$ 200 por mês para estudar virtualmente pelo Centro Universitário Jorge Amado (Unijorge). Para ela, a oportunidade veio no momento certo. “Eu concluí o ensino médio em 1993, casei, tive filhos, mas tinha o sonho de fazer uma faculdade. Fiz o Enem e, como não obtive nota suficiente para entrar em uma faculdade pública, optei por uma particular que me desse um desconto pela nota do Enem. Meu curso custava R$ 499. Com o desconto, comecei pagando R$ 149”, diz. O caso de Débora não é único: com a escassez de alunos, as universidades particulares têm ofertado mensalidades cada vez menores para ter a adesão dos estudantes. Com bolsas de estudo, os preços para certos cursos podem chegar a R$ 99 por mês. Os campeões em descontos são os de ensino a distância e os tecnólogos (cursos de formação voltada para o mercado de trabalho e que duram apenas dois anos). Entretanto, muitos desses descontos não são fixos. O curso de Educação Física da Unicesumar, por exemplo, oferece a primeira mensalidade por R$ 49,90, com o restante por R$ 224,53. Nesses valores, já está incluso um desconto de 50%, sendo 40% da campanha promocional do polo soteropolitano da instituição e 10% de pontualidade. No Centro Universitário Maurício de Nassau (Uninassau), que oferece mensalidades de até R$ 109, os descontos podem chegar a 70% do valor da primeira mensalidade. No restante do curso, porém, a depender da duração, pode haver reajuste de 4% a 7%. O curso a distância de Licenciatura em Letras da Uninter já traz mais tempo de desconto: do valor original de R$ 521,49, as 12 primeiras mensalidades saem por R$ 194,65, valor equivalente a 65,71% de abatimento. A partir da 13ª mensalidade, o valor aumenta para R$ 258,30. Já no Centro Universitário Jorge Amado (Unijorge), com três campi em Salvador, a primeira mensalidade na modalidade presencial é oferecida com 80% de desconto, com valores a partir de R$ 198. As demais mensalidades têm desconto de até 68%, com valores a partir de R$ 390,56. Já nos cursos a distância, os descontos são de 78%, com valor a partir de R$ 99. Silas Ribeiro, 21, sentiu na pele o reajuste de mensalidade. Ele está no 8º dos dez semestres de Engenharia Mecânica no Centro Universitário Ruy Barbosa Wyden (UniRuy) e precisou recorrer ao Fies para conseguir continuar no curso. “Com a bolsa, o valor inicial era de R$ 762. Atualmente, é de R$ 1.229,65. Eu tive isenção do valor da matrícula e uma bolsa de 50%, que baixou para 47% com o passar do tempo. Eu já imaginava que seria um preço alto no final do curso, mas achei que seria menos do que se tornou”, afirma. Ainda que as mudanças no valor da mensalidade estejam, muitas vezes, previstas em contrato, de acordo com Tiago Venâncio, superintendente de Proteção e Defesa do Consumidor da Bahia (Procon), elas podem ser reanalisadas. “Os consumidores podem questionar os vícios contratuais no Procon junto aos postos de atendimento e buscar os órgãos do poder Judiciário para ter o contrato revisado e os direitos de consumidor restabelecidos”, indica. Venâncio explica, ainda, as condições necessárias para que os estudantes não caiam em propagandas enganosas na busca pela universidade ideal. “O código de defesa do consumidor classifica o direito de informação como um direito básico e indispensável na relação de consumo. A lei consumerista determina que a oferta assegure informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados. As ofertas e termos contratuais devem conter informações não inferiores ao corpo 12, permitindo fácil identificação e compreensão das mesmas”, afirma. Segundo Carlos Pereira, presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras dos Estabelecimento do Ensino Superior do Estado da Bahia (Semesb), os preços vêm caindo desde a mudança do Fies, que tinha vagas calculadas por instituição e passou a ser unificado entre 2014 e 2015, limitando a quantidade de financiamentos concedidos em cada curso e cada faculdade. Para Pereira, existe atualmente uma deformação do conceito de mensalidade e, com a estratégia de precificação que existe atualmente, as faculdades não se sustentarão por muito tempo. “Quando as faculdades oferecem uma mensalidade de R$ 49,90, algum dos lados vai sair prejudicado uma hora ou outra, porque esse valor não cobre o preço de um estudante, que inclui computadores, bibliotecas, a tecnologia da faculdade e o pagamento dos funcionários, por exemplo”, diz. Ana Beatriz Barreto tem 22 anos e está no fim do curso de hotelaria. A estudante pagou R$ 200 por mês durante dois anos no curso tecnólogo, na modalidade EAD. Segundo ela, o valor era promocional, mas continua o mesmo até hoje. O ensino a distância veio a calhar para Barreto por três motivos: o preço, o fato de estar no meio da pandemia e por ser mais flexível. Isso porque, pouco tempo depois de começar o curso, ela conseguiu uma oportunidade de estágio nos Estados Unidos e conseguiu continuar estudando, mesmo a milhares de quilômetros de sua universidade. “Foi um intercâmbio para pessoas da área de turismo, hotelaria ou gastronomia. Quanto mais eu estudava, mais eu gostava, e conheci a empresa do intercâmbio por uma vizinha, também sem pretensão. Com o curso sendo a distância, tudo acabou funcionando junto”, conta. Para Carlos Pereira, o ensino a distância não define o nível de qualidade, mas o preço do EAD também não cobre os custos intrínsecos ao ambiente universitário. “No caso do EAD, os custos não deixam de existir. Os estudantes têm buscado essa modalidade para ter mais oportunidades de preços e horários, mas o valor continua não suprindo o custo de professores, da manutenção do sistema e da sala de aula virtual”, afirma.

  1. Curso Superior de Tecnologia em Negócios Imobiliários – R$99 (UNIJORGE)
  2. Curso Superior de Tecnologia em Agronegócio – R$99 (UNIJORGE)
  3. Curso Superior de Tecnologia em Artes Visuais – R$99 (UNIJORGE)
  4. Computação em Nuvem – R$99 (Anhanguera e Unime)
  5. Negócios Imobiliários – R$99 (Estácio)
  6. Ciências Exatas – R$99 (Estácio)
  7. Biologia – R$140 (UNINASSAU)
  8. Gestão Hospitalar – R$169 (UNIFACS)
  9. Gestão de Recursos Humanos – R$169 (UNIFACS)
  10. Licenciatura em Filosofia – R$169 (UNIFACS)

*Orientada pela subchefe de reportagem Monique Lôbo

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