Eleição polarizada é democrática. O mais é choro de perdedor

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Se Lula e o seu governo ignorassem por completo Bolsonaro e o bolsonarismo, o ex-presidente e seus devotos de raiz deixariam de se dizer perseguidos por eles e pela polícia? Deixariam de acusá-los por tudo ou qualquer coisa? Iriam cuidar da própria vida?

Claro que não. E não é só a raiva, a inconformidade com a derrota em 2022, o medo dos processos a que respondem que levam Bolsonaro e a sua trupe a atacar Lula e o governo dia sim e o outro também, com ou sem razão. É um cálculo político bem-feito e tremendamente óbvio.

Se não agirem assim, ou não haverá oposição ao governo ou outras forças políticas poderão reunir-se e ocupar o espaço deixado vago por Bolsonaro e os seus. Polarizar com Lula e a esquerda é vital para a sobrevivência da extrema-direita. Elementar, meu caro Watson.

Nos quatro anos em que desgovernou o país, Bolsonaro alimentou-se da polarização com Lula preso, com Lula solto e com Lula candidato e líder de todas as pesquisas de intenção de voto. Lula só não liderou as pesquisas encomendadas pelo governo para efeito de desenformar.

Bolsonaro escolheu Lula como adversário porque os demais estavam longe de o ameaçar; Lula escolheu Bolsonaro como adversário por julgar que ele seria o mais fácil de derrotar. Por pouco, Lula não se elegeu no primeiro turno; por pouquinho não perdeu no segundo.

Aqui, mas não só aqui, as eleições costumam ser polarizadas, e não há mal nisso. A de 1989, a primeira eleição presidencial desde o fim da ditadura militar de 64, foi polarizada por Fernando Collor, pela direita, e Lula e Leonel Brizola pela esquerda no primeiro turno.

A eleição foi disputada por mais de 20 candidatos. Ora se falava que Mário Covas (PSDB) ultrapassaria Collor; ora, Afif Domingos (PL). A direita não queria engolir Collor. Mas dava-se como certo que Lula ou Brizola tinham lugar garantido no segundo turno. Lula venceu Brizola por 0,5% dos votos.

De lá para cá, Lula sempre foi um dos polos da disputa, e a direita só o derrotou em 1994 e 1998 quando o Plano Real, que domesticou a inflação, elegeu e reelegeu Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Quem vota é quem polariza uma eleição, não os candidatos. A decisão é do eleitor.

Lula disse ontem que “acha bom” haver polarização política e avaliou que a rivalidade deve marcar as eleições municipais deste ano, principalmente nas capitais:

“Aqui no Brasil vai ter polarização, e eu acho bom que tenha, nós somos uma sociedade viva. Eu acho que a polarização sempre vai existir. Não tem jeito”.

Reclama da polarização quem não se sente representado por nenhum dos lados tidos como mais fortes. Então, que vote no menos ruim. O segundo turno serve justamente para isso. Eleição polarizada não é menos democrática. De novo: porque é o eleitor quem a polariza, não os candidatos.

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