Um estudo divulgado no Seminário Nacional da Renafro aponta que 59% das agressões por racismo religioso no Brasil são cometidas por evangélicos. A pesquisa, realizada com a participação da Coordenação de Liberdade Religiosa (CGLIB) e da Secretaria de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos (SNDH) do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), ouviu líderes de 511 terreiros em diversas regiões, com apoio do Grupo de Pesquisa Museologia Experimental e Imagem (MEI) da Unirio, da Defensoria Pública da União e do Instituto Raça e Igualdade. O objetivo foi mapear ataques físicos, emocionais e simbólicos contra religiões de matriz africana.
Os dados mostram que 77% dos terreiros entrevistados sofreram racismo religioso e 74% das lideranças relataram ameaças ou destruição de casas sagradas. Ainda assim, apenas cerca de 26% das vítimas conseguiram registrar boletins de ocorrência, evidenciando subnotificação e medo de denunciar.
O pastor Helio Carnassale, palestrante e consultor em Liberdade Religiosa, ressalta que a intolerância decorre de um senso de exclusividade: quem se acha detentor de uma verdade não reconhece espaço nem voz para outras crenças. Ele reforça que a liberdade religiosa é um direito de todos, garantido pela Constituição, e deve ser exercido com respeito à escolha alheia.
Carnassale cita passagens bíblicas para sustentar o argumento de que o amor ao próximo deve prevalecer sobre a intolerância: Mateus 22:37-39, Mateus 5:43 e Mateus 7:12, reforçando que “a religião do amor” é compatível com a convivência plural e respeitosa entre fiéis de diferentes tradições.
Por outro lado, o pastor Amauri Oliveira, presidente da Agência Presbiteriana de Missões Transculturais, contesta o termo “racismo religioso”, citando dados do IBGE (2022) que mostram a composição racial entre frequentadores de religiões afro-brasileiras e defendendo que o problema envolve mais a visão do que a cor. Ele observa que muitos evangélicos associam práticas de matrizes africanas a demônios, o que alimenta a hostilidade contra esses espaços e seus adeptos, embora reconheça a necessidade de respeito.
O pastor Sandro de Oliveira Lopes, da Igreja do Evangelho Quadrangular de Itapuã, na região da Grande Vitória, ressalta a dificuldade de estimar a extensão do preconceito sem detalhes metodológicos da pesquisa e enfatiza que vivemos em um estado laico, onde a liberdade de culto deve ser garantida a todos, independentemente da crença.
Fonte: Comunhão. O estudo revela um retrato complexo da relação entre fé e sociedade no Brasil, mostrando que a intolerância religiosa persiste na vida de moradores de regiões com religiões de matriz africana, mesmo diante de preceitos cristãos de amor.
E você, o que pensa sobre o papel da liberdade religiosa no Brasil e como enfrentar o preconceito entre diferentes tradições de fé? Compartilhe suas opiniões, experiências ou perguntas nos comentários.

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