Vista do telhado da Igreja do Santo Sepulcro, na cidade velha de Jerusalém, Israel (Foto: Canva Pro)
Líderes da Igreja em Jerusalém divulgaram um relatório que detalha as dificuldades enfrentadas pelos cristãos na Terra Santa diante do conflito entre Israel e Hamas. O documento mostra que o confronto não afeta apenas judeus e muçulmanos, mas também moradores cristãos na região, incluindo Gaza, Cisjordânea e Jerusalém. Mesmo com o cessar-fogo vigente, a violência e a insegurança continuam impactando o dia a dia dessas comunidades.
O relatório aponta ataques diretos a locais de culto e a infraestrutura cristã. A Igreja da Sagrada Família, uma das três igrejas em Gaza, foi atingida por um explosivo israelense em julho, resultando em três mortos e dez feridos. Outros locais danificados incluem a Igreja de São Porfírio e o Hospital Batista Al Ahli. O pároco Padre Gabriel Romanelli ressaltou a urgência humanitária: “O mundo precisa saber que existem mais de dois milhões de pessoas aqui que não têm nada e precisam de tudo.”
Segundo o relatório, desde o início dos combates, o Patriarcado Latino de Jerusalém conseguiu enviar ajuda a mais de 12.000 famílias, uma assistência relevante em meio ao caos. O texto indica ainda que, mesmo após o cessar-fogo, há desafios significativos para a população, que sente a vida cotidiana ainda bastante dificultada e aguarda uma melhoria contínua.
A documentação também relata dificuldades logísticas que agravam a crise. O Hospital Batista Al Ahli sofre com falta de equipamentos médicos e não consegue receber medicamentos devido às restrições à entrada de ajuda humanitária em Gaza. Parte do relatório enfatiza que, mesmo com avanços pontuais, a situação permanece sombria e requer ações firmes para manter o cessar-fogo e facilitar o fluxo de assistência.
Além disso, o texto traz relatos de ataques de colonos israelenses a comunidades cristãs na Cisjordânia, incluindo a cidade de Taybeh, onde houve fogo próximo a uma igreja histórica e dificuldades para colher azeitonas, prejudicando meios de subsistência. O documento aponta a necessidade urgente de proteger os moradores cristãos e seus locais de culto em toda a região, onde incidentes desse tipo têm aumentado nos últimos anos, com poucas sanções aos responsáveis.
O relatório também critica medidas de segurança que impactam a vida religiosa. Autoridades israelenses são apontadas por impor impostos municipais (arnona) sobre propriedades da igreja, o que viola tratados históricos e impõe um pesado fardo financeiro. O Patriarcado Armênio enfrenta uma execução hipotecária por dívidas de arnona, e o Patriarcado Ortodoxo Grego de Jerusalém teve contas congeladas pela prefeitura — suspensões ocorreram após protestos internacionais.
Outro tema central são os planos de expansão do Parque Nacional das Muralhas de Jerusalém, no Monte das Oliveiras. O movimento Elad, grupo judaico radical, defende a expansão, mas há temores de que essas ações comprometam o acesso de peregrinos a locais sagrados e possam profanar áreas reverenciadas. Os Patriarcados pedem o cancelamento dessas medidas e respeitar a santidade do local para os cristãos.
O relatório conclui que as ameaças ao patrimônio cristão — especialmente em Jerusalém, na Cisjordânia e em Gaza —, aliadas a questões de tributação injusta, representam preocupações constantes que afetam a existência das comunidades cristãs e de seus lugares de culto. A necessidade de reforçar o cessar-fogo, defender a liberdade religiosa e apoiar economicamente essas comunidades em toda a Terra Santa é enfatizada como prioridade imediata.
As Igrejas são descritas como atores fundamentais na construção de uma paz estável para israelitas e palestinianos, contribuindo para um futuro em que todos possam prosperar. O relatório recomenda que entidades externas e governos apoiem as instituições da Igreja e a presença cristã por meio de ajuda econômica e de pressão diplomática sobre as questões levantadas.
Se você acompanha a situação na região, compartilhe suas observações nos comentários e conte como essa pauta impacta a vida das comunidades locais.

Facebook Comments