Líder do Irã vai à China reforçar laços em meio a sanções, protestos e isolamento

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(FOLHAPRESS) – O Irã e a China reforçaram seus laços nesta terça (14), em visita do presidente iraniano, Ebrahim Raisi, a Pequim, onde se encontrou com o líder chinês, Xi Jinping, em meio a um contexto de isolamento do país persa no Oriente Médio e tentativas, até aqui pouco frutíferas, de retomada do acordo nuclear iraniano.

Xi manifestou apoio ao retorno dos diálogos e disse que a China continuará a “trabalhar construtivamente” para a retomada do pacto, do qual os EUA saíram em 2018, sob Donald Trump. Assim, em 2020, o Irã deixou de cumprir as determinações do trato assinado em 2015 por Washington, Teerã e Pequim, além de França, Alemanha, Reino Unido e Rússia, o que gerou o aumento das sanções pela Casa Branca.

A visita da delegação persa à China contou com a alta cúpula do regime, incluindo ministros da Economia, da Mineração e da Agricultura, além do principal negociador do acordo nuclear no país, Ali Bagheri Kani.

“Não importa como as situações internacional e regional evoluam, a China inabalavelmente continuará a desenvolver a cooperação amigável com o Irã, a promover o crescimento estável da parceria estratégica entre os países e a desempenhar um papel positivo para a paz mundial”, afirmou Xi sobre o encontro.

Do lado iraniano, Raisi publicou um artigo no Diário do Povo, principal jornal do Partido Comunista, em que chama a China de “velha amiga” e fala em elos reforçados a despeito de eventuais mudanças geopolíticas.

Em janeiro, os dois países anunciaram a implementação de um pacto estratégico de 25 anos em encontro dos dois chanceleres em Teerã, em fortalecimento também da oposição chinesa às sanções americanas.

Há algumas referências implícitas nas falas semelhantes dos dois líderes. Do ponto de vista internacional, o Irã é alvo de punições cada vez mais numerosas dos EUA desde a saída de Washington do trato, sob o argumento de que Teerã vende drones à Rússia e a sombra da repressão aos protestos contra o regime.

O Irã ainda lida com os efeitos dos atos, que começaram após a morte da curda Mahsa Amini, 22, em setembro, e têm diminuído após dura repressão, com execuções de prisioneiros. Embora exitosa em conter as manifestações, a estratégia contribuiu para o aumento de sanções e críticas externas ao regime.

Também aponta para as mudanças mencionadas pelos dois líderes a perspectiva regional do Irã, que lida com isolamento crescente no Oriente Médio. Em 2020, Bahrein e Emirados Árabes Unidos se uniram a Egito e Jordânia no reconhecimento de Israel como Estado a partir da assinatura dos Acordos de Abraão.

Além das recentes alianças de monarquias do Golfo a Israel, contribuem para essa oposição regional ao Irã o temor dos vizinhos quanto ao programa nuclear do país e a intervenção de Teerã, direta ou indireta, em disputas próximas, como no Iêmen e na Síria. Com o encontro iniciado nesta terça, a China tenta manter seu equilíbrio diplomático no Oriente Médio e aprofundar os laços comerciais com Teerã, que busca aumentar o comércio com o parceiro e amenizar seu isolamento regional e internacional.

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