ALMG segue dividida para analisar recuperação fiscal do estado; entenda

Publicado:

Além da análise do veto ao reajuste dos servidores, o regime de urgência para votação do projeto de adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RFF) é outro imbróglio entre a Assembleia Legislativa e o governo estadual. O Parlamento não tem previsão para analisar a proposta. Na semana passada, o governador Romeu Zema enviou mensagem aos deputados solicitando que o tema voltasse a ser debatido de modo ágil, com redução dos prazos legais para tramitação. O ofício de Zema solicitando o retorno ao regime de urgência foi remetido em 31 de março.
Para que o modelo seja posto em vigor, o texto precisa ser lido durante uma reunião de plenário. Nesta semana, no entanto, isso não ocorreu. O plenário não funciona às sextas e segundas-feiras ??? portanto, a próxima data para oficialização da urgência é terça-feira.
O governo mineiro se ampara na adesão ao RRF para renegociar a dívida com a União, que passa de R$ 140 bilhões. Depois que a mensagem de Zema sobre o tema for lida, os deputados terão 45 dias para emitir parecer a respeito do projeto. Se isso não ocorrer, o tema entra automaticamente na pauta do plenário e, então, passa a travar a votação de qualquer outra proposta.
???Não há previsão de leitura [da mensagem de Zema]. Por isso, é necessário acompanhar as próximas reuniões de plenário para saber sobre a continuidade da tramitação???, informou, ao Estado de Minas, a assessoria de imprensa da Assembleia. Contados os 45 dias, caso a recuperação fiscal ainda esteja nas discussões de primeiro turno, o texto passará a tramitar em turno único.
O Regime de Recuperação Fiscal foi proposto pelo governo federal para dar fôlego financeiro aos estados com problemas de caixa. A equipe de Zema quer apressar o ingresso ao plano para evitar que o Supremo Tribunal Federal (STF) casse liminares que suspendem o pagamento das dívidas junto à União.
Em outubro último, o ministro Luís Roberto Barroso estipulou maio como limite para a adesão de Minas ao RRF, sob pena de barrar a medida cautelar que impede a quitação do passivo. Se a liminar cair, o estado estima ter de pagar, quase que imediatamente, mais de R$ 40 bilhões. ???A recuperação fiscal do estado é meta essencial para que a administração pública possa ampliar e aprimorar os serviços públicos prestados à sociedade, além de manter a regularidade das contas públicas e do pagamento, em dia, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas???, lê-se em trecho do pedido de urgência encaminhado por Zema.
Em meio às tentativas de emplacar a votação do RRF, Zema chegou a apelar à Suprema Corte para obrigar a Assembleia a colocar o assunto em pauta. Em que pese as alegações do Palácio Tiradentes, a recuperação fiscal opõe deputados aliados a Zema à maioria dos parlamentares. Boa parte dos integrantes da Assembleia teme que o pacote gere contrapartidas como o congelamento de salários e desinvestimentos em políticas públicas.
“Em tese, estaríamos, no último ano de legislatura, votando condicionantes para os dois próximos governos, que ainda vão ser eleitos. Não me parece que é o caminho [adequado] neste momento”, protestou, no início dos trabalhos parlamentares deste ano, o deputado André Quintão (PT), líder do grupo de oposição a Zema. Ele é um dos defensores de uma ???saída política??? para o tema. Entre os políticos mineiros, há quem acredite na possibilidade de renegociar a dívida de Minas por meio do diálogo, sem a necessidade de um programa formal de ajuste fiscal.

EMENDA DOS PRECAT??RIOS

O coordenador da bancada mineira de deputados federais, Diego Andrade (PSD), chegou a sugerir caminho atrelado à Emenda Constitucional dos Precatórios, que viabilizou o pagamento do Auxílio Brasil. O texto, além de atrelar a correção dos precatórios à Selic, taxa básica de juros, permite que negociações envolvendo a Fazenda Pública sejam regidas, justamente, pela Selic. ???Abre-se um caminho para a gente tentar ??? e, aí, tem que estar todo mundo de mãos dadas: governador, prefeitos, senadores e deputados ??? conseguir aproveitar o que está na Constituição para conseguir uma renegociação com juro baixo???, explicou, em janeiro. Servidores estaduais também têm demonstrado resistência à recuperação fiscal. 
O pedido de urgência encaminhado por Zema na semana passada é o segundo ligado à recuperação fiscal. Ele já havia feito reivindicação igual em outubro, mas retirou a solicitação no meio de março, a fim de permitir a votação do projeto que reajustou em 10,06% os salários de todo o funcionalismo.

Comentários Facebook

Compartilhe esse artigo:

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Descubra os 6 piores hábitos que aumentam níveis de açúcar no sangue

Você sabia que pequenos hábitos diários podem estar elevando silenciosamente os seus níveis de açúcar no sangue? Embora seja natural vivenciar alguns picos...

Dólar opera estável após balanço da Petrobras e com atenção ao Fed

Nesta sexta-feira, a movimentação do dólar se mostrou bastante estável, com os mercados financeiros de olho em três grandes fatores: o impacto das...

?O Papel do Congresso e a Política de Narrativas no Brasil

Em uma análise contundente sobre a dinâmica do Congresso Nacional, o cientista político Hussein Kalout expõe a deterioração do decoro parlamentar no Brasil....