Catetinho foi a primeira residência oficial do presidente da República Juscelino Kubitschek durante a construção de Brasília. O nome inicial era Palácio das Tábuas, embora nada na construção justificasse alguma pompa. De pé ainda hoje, é um museu que mostra como o sonho de uma capital moderna e revolucionária plantada em cimento nasceu de uma modesta construção de madeira.
Foi para cuidar do Catetinho que a CBF contratou Fernando Diniz. Embora seja tecnicamente o treinador da seleção brasileira principal, Diniz está, de fato, esquentando lugar até que o italiano Carlo Ancelotti possa ser alojado no Palácio da Alvorada.
Não se sabe se Ancelotti assumirá de fato o cargo algum dia. A Rádio Cope, da Espanha, informa hoje, 5 de julho de 2023, que Ancelotti continuará no Real Madri se o clube espanhol oferecer uma renovação de contrato. Mas a CBF assegura que o treinador italiano comandará o Brasil na Copa América de 2024.
Enquanto não fica pronto o Alvorada de Ancelotti, Diniz se instalará no Catetinho quando comandar a seleção e retornará ao Fluminense para seu trabalho cotidiano. Nada contra. Pode ser até produtivo, pois no caso de Tite o longo período de inatividade pode, inclusive, ter deixado o treinador um pouco fora de ritmo. Técnico de seleção brasileira trabalha pouco à beira do campo, tem mais compromissos burocráticos e acompanha jogos. Apesar das teorias conspiratórias adoradas por brasileiros é preciso confiar na seriedade e no profissionalismo de Diniz para tocar a empreitada sem favorecimentos.
CBF está perdida
O que está fora de questão é a falta de rumo da CBF na condução de seu principal produto. Diniz e Ancelotti são treinadores com trajetórias e conceitos díspares. Diniz claramente está assumindo uma aposta e não seria absurdo imaginar que ele possa, inclusive, permanecer no cargo se tiver bons resultados. Mas nem sempre suas ideias de jogo são colocadas em prática rapidamente e ele está longe de usufruir do rótulo consagrado de Ancelotti.
Durante o período em que estiver à frente da seleção Diniz será um capataz de Ancelotti ou terá carta branca para atuar como bem entender? Por mais que isso seja respondido de forma protocolar a dúvida permanecerá. Em sua primeira entrevista no Catetinho (ops, no cargo), Diniz garantiu que seu trabalho será autoral e não será um procurador de Ancelotti.
Durante um ano o treinador controverso, por vezes irascível e ainda com mais admiradores do estilo do que resultados estará à frente da camisa mais pesada do futebol de seleções. De positivo haverá um profissional comprometido com a melhora individual dos jogadores e um jogo coletivo de qualidade, atrelado ao DNA brasileiro. Como incógnita fica a relação de Diniz, um sujeito explosivo, com grandes estrelas consagradas na Europa, algumas delas atletas ou ex-atletas do treinador que, garante a CBF, virá para o seu lugar.
O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, afirma ter encomendado o projeto de seu Plano Piloto a Carlo Ancelotti. Mas procurou Fernando Diniz para começar a construção de Brasília na pomposa sede da Barra da Tijuca. Resta saber o que sairá dessa prancheta.
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